Um dos maiores trunfos para a atratividade econômica da China e motor de
seu crescimento exponencial nas últimas décadas --a mão de obra
barata-- começa aos poucos a mudar.
Um estudo divulgado nesta terça-feira (4) pela USP (Universidade de São
Paulo), que se aprofundou nas principais mudanças do país nas últimas
décadas, mostra como a média salarial do chinês vem aumentando
rapidamente.
Este fenômeno, ao lado da criação e do fortalecimento de leis e direitos
trabalhistas mais rígidos, pode até começar a reduzir as vantagens
competitivas da potência chinesa em relação ao resto do mundo.
"Os impactos mais intensos serão sentidos pelas indústrias tradicionais,
e outros países poderão ter mais fôlego para ganhar participação no
mercado global em relação à China", disse o professor e pesquisador da
FEA/USP, Gilmar Masiero, responsável pelo estudo.
"Hoje não dá para pensar o desenvolvimento da nossa economia sem pensar
no desenvolvimento econômico chinês", disse Roger Leal,
secretário-executivo da SAE/PT (Secretaria de Assuntos Estratégicos da
Presidência da República), que encomendou a pesquisa à USP. "Queríamos
ter um raio-x completo do país para podermos saber como lidar com ele."
Os dados levantados pela pesquisa mostraram que o aumento do salário
médio do chinês foi de 19,8% ao ano, no período de 2005 a 2009 --mesmo
que a média atual, de US$ 327 por mês (R$ 664,76), continue
violentamente abaixo da média mundial.
O valor é ainda seis vezes mais barato que o salário de um trabalhador
brasileiro, e 24 vezes menor que o rendimento médio nos Estados Unidos.
Em 1998, um chinês ganhava 40 vezes menos que o norte-americano.
LEIS TRABALHISTAS E GREVES
Ainda assim, outros fatores também começam a reconfigurar as relações
trabalhistas na China --que, nas últimas três décadas, se baseou em
pilares como os migrantes ilegais vindos das áreas rurais, exploração da
mão de obra feminina, ainda mais barata, e, claro, o aumento da
população, fator que consolidou o país como o maior mercado de consumo
do mundo e, sozinho, foi o responsável por um quarto do crescimento
econômico de 1980 a 2000.
Um aumento demográfico bem mais baixo, o envelhecimento da população e a
substituição das gerações mais antigas de migrantes por jovens com
outra formação cultural remodelam aos poucos este perfil, e colaboram
para pressionar os salários para cima.
O fortalecimento de leis trabalhistas, bem como do movimento sindical
--tradicinalmente controlado pelo governo e pelas empresas-- também
pesam na balança.
Em 2008, o país promulgou uma nova lei trabalhista com pesadas proteções
ao trabalhador, como a obrigatoriedade de contrato, o direito de entrar
diretamente com ações (antes possível apenas via sindicatos) e a
proibição de demissão sem justa causa.
Desde então, uma leva de greves desponta nas principais metrópoles
chineses. Honda, Hyundai, Toyota e Foxconn são algumas das companhias
que sofreram com protesto de funcionários em suas filiais chinesas desde
2010.
As coisas estão mudando na China. Bastou passar a ser a 2ª economia do mundo e o socialismo de mercado começa a cobrar seu ônus. Poderá ser a reviravolta dos BRICS? O Brasil poderá tirar dividendos da situação? Post e comente a respeito da temática! 05/09/12.
4 comentários:
Oi! Comecei meu blog agora sobre geografia, preciso de sugestões, se puder dá uma passadinha lá. bjs.
Pode contar comigo. Faça observações do que gostaria de fazer, que eu oriento. Forte abraço!
Esta é a resposta da sociedade frente as mudanças nas relações de trabalho nas últimas décadas.
Com um poder aquisitivo cada vez maior (e a tendência é aumentar pelos próximos anos) a população começa a ansiar por necessidades que antes nem poderian cogitar.
Fazendo uma ponte com um post anterior aqui no blog podemos perceber mais um dos motivos da diminuição do crescimento chinês, visto que uma parte dos lucros agora é destinada a manutenção dos novos salários, o que na minha opinião configura uma vantagem a médio/longo prazo para a população geral.
Alexandre Actis foi quem postou o comentário acima
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