Desmatamento na Amazônia está em alta, indica ONG

Posted by João Luis


Mais um sistema de monitoramento indica que o desmatamento na Amazônia pode ter voltado a subir. A ONG Imazon (Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia) viu aumento de 103% no acumulado entre agosto de 2012 e junho de 2013, em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Só em junho, o SAD (Sistema de Alerta de Desmatamento), feito via satélite, detectou 184 km² de desmatamento ou degradação, um aumento de 437% sobre o mesmo mês de 2012.
No fim do ano passado, o Brasil comemorou a mais baixa taxa de desmate desde que o monitoramento começou, em 1988. No entanto, os números preliminares mais recentes indicam uma tendência contrária.
Nos últimos meses, dados do governo também indicam uma tendência de aumento.
Números do sistema Deter,o sistema de monitoramento em tempo real do do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), mostraram uma alta significativa. Em maio de 2013, 465 km² foram possivelmente afetados --um aumento de 370% sobre maio de 2012.
"O aumento na tendência de desmatamento está detectado tanto nos dados do governo como nos do Imazon. Acho que não resta muita dúvida de que algo está acontecendo", diz Adalberto Veríssimo, pesquisador do Imazon e um dos autores do estudo. "Não foi um aumento leve."
Ambos os dados ainda não são definitivos. O monitoramento feito por eles é prejudicado pela presença de nuvens, além de a resolução de imagem ser limitada.
Os números oficiais do desmatamento na Amazônia usados pelo governo são os do Prodes, também do Inpe, mas que faz uma detecção mais refinada e só é divulgado uma vez por ano.
"E está muito bom assim. É um número consolidado, reflete um ciclo. Desmatamento não é inflação para ser divulgado mês a mês", avalia Dalton Valeriano, coordenador do programa de monitoramento do Inpe.

NUVENS
O pesquisador criticou a metodologia do Imazon e afirmou que os números do Deter, do próprio Inpe, não foram feitos para serem um sistema de comparação, mas sim uma forma de alertar o Ibama rapidamente.
"Ainda não dá para falar em aumento. Esse sistema não se diferencia degradação e áreas totalmente desmatadas. Isso é um dos pontos importantes, sem contar os erros que podem ser provocados pela cobertura de nuvens", completa ele.
O diretor de proteção ambiental do Ibama, Luciano Menezes de Evaristo, diz que o órgão tem seguido firme na fiscalização.
"Não vou negar que existe uma pressão [de desmatamento]. Mas nós estamos conseguindo controlar isso. Da mesma maneira que fizemos no ano passado."
O diretor destaca que, em 2013, o Ibama manteve a fiscalização intensa mesmo no período de chuvas, o que dificultou o escoamento de madeira ilegal.
"Pode até ser que consigam desmatar um pouco, mas não conseguem completar o ciclo nem retirar a madeira", diz Evaristo.
                                                  01/08/13.

Emergentes submergem

Posted by João Luis


As duas publicações que fazem a cabeça dos mercados e influem sobre governos no mundo inteiro acabam de decretar o fim do encantamento com os tais emergentes.
A primeira foi o "Financial Times", com um obituário curto e grosso escrito por Jonathan Wheatley. "Uma desconfortável verdade está se fazendo sentir no mundo dos investidores em mercados emergentes: está morta a história de crescimento do mercado emergente."
A "Economist" é menos dramática, mas não deixa de apontar que chegou ao fim "a dramática primeira fase da era dos mercados emergentes". Por "dramática primeira fase", entenda-se que as economias em desenvolvimento saltaram de representar 38% da produção econômica mundial para 50% na primeira década do novo século.
O Brasil, obviamente, é um dos emergentes que, agora, parecem estar submergindo --e submergindo mais que seus pares.
Diz a "Economist": "O Brasil correu adiante com a ajuda de um 'boom' das commodities e do crédito doméstico; sua atual combinação de teimosa inflação e lento crescimento mostra que a velocidade-limite subjacente de sua economia é muito menor do que se pensava."
Para o meu gosto, é uma frase definitiva demais para o médio prazo. Mas, para o biênio 2012/13, é indiscutível. Não é que o Brasil esteja crescendo menos que os demais Brics, as grandes estrelas do mundo emergente até recentemente. Cresceu menos que todos os sul-americanos, que não são propriamente queridinhos dos mercados.
As estatísticas da Cepal, a comissão da ONU para a América Latina, mostram que, em 2012, o Brasil, com seu 0,9%, cresceu mais apenas que o Paraguai, que retrocedeu 1,2%. Neste ano, a previsão da entidade é de novo de penúltima colocação em crescimento, ganhando apenas da conturbada Venezuela.
O Brasil perde, portanto, até de países (Bolívia, Equador e Argentina) cujas políticas econômicas são vistas com misto de desprezo e desconfiança por agentes de mercado.
A morte da "história de crescimento" dos emergentes permite um ajuste de contas com os exageros de avaliação que marcaram seu glorioso reinado de uma década, pouco mais ou menos.
Essa história de que a China ultrapassaria fatalmente os Estados Unidos, por exemplo, já começa a ser reavaliada. De fato, a China explodiu nos últimos 20 anos, mas sua economia, se medida em paridade de poder de compra, é apenas 18% da norte-americana.
Da mesma forma, a reverência aos Brics como novo bloco de poder no planeta omitiu reiteradamente o fato de que o grupo só existe como sigla, não como coletivo que atua em conjunto.
Sem esquecer que a China é estrondosamente mais forte que seus quatro sócios. Para ficar em um só indicador: as reservas internacionais dos Brics são imponentes (US$ 4,6 trilhões), mas três quartos delas (US$ 3,5 trilhões) pertencem a um só país, obviamente a China.
Só espero que não se caia no exagero oposto, de dar os emergentes como inutilidades. Continuarão crescendo, menos, mas crescendo.
Seria o final dos emergentes? Estratégia de manipulação de resultados para favorecer economias de maior peso? Fim do encantamento? O que fazer para rebater tal situação? A China é apenas um exemplo, dentre os demais? Post e comente a polêmica temática! 01/08/13.

Revolução Cubana continuará "jovem", enquanto transferir poder às novas gerações

Posted by João Luis




Ao comemorar os 60 anos da tomada do quartel-general de Moncada, em Santiago de Cuba, ação liderada por Fidel Castro, que marcou o início da revolução cubana, o presidente Raul Castro disse que a revolução continuará jovem e que segue em “marcha” o processo que passará o poder a outra geração. “Esta revolução continuará sendo a revolução socialista dos humildes, pelos humildes e para os humildes”, disse ao participar de um ato comemorativo em Santiago de Cuba.
Na cerimônia, acompanhada por vários governantes latino-americanos e caribenhos (Nicolás Maduro, da Venezuela; Daniel Ortega, da Nicarágua  Evo Morales, da Bolívia; e José Mujica, do Uruguai), Castro, ressaltou que na ilha está em processo a “transferência paulatina e ordenada às novas gerações” do governo iniciado em 1959, anos depois do início do movimento revolucionário iniciado em Moncada.
Segundo ele, mais de 70% população cubana nasceram após o assalto ao quartel, em 26 de julho de 1953. “Os que acompanharam Fidel Castro eram jovens, naquela data, e as novas gerações de cubanos continuarão a defender os ideais revolucionários”, disse o presidente.
Em seu discurso, de quase 40 minutos, Raul Castro rendeu homenagem a Hugo Chávez, que chamou de “invicto comandante e chefe da revolução bolivariana na Venezuela, discípulo avantajado dos próceres da independência latino-americana e caribenha".
Até quando o discurso bolivariano vai ter eco no mundo pós moderno? Transferência de poder, ou preparação de novos discípulos castristas? Aí Raul fica difícil acreditar em mudanças. Não defendo jamais o isolamento da ilha proposto pelos yankes, contudo os tempos são outros e a ilha precisa se modernizar. Carros da década de 50(XX) e serviços de baixa qualidade. Hoje o turismo carrega a economia da ilha, e portanto a modernização é fundamental. Conhecer Cuba não é um plano teórico. É necessário ir lá. Post e comente a temática! 27/07/13.

Governo quer mudar a forma de uso de termelétricas

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O Ministério de Minas e Energia apresentou hoje (25) uma nova metodologia para o uso de termelétricas, que deverá garantir a utilização de usinas mais baratas e diminuir oscilações no preço da energia. Segundo o secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, a mudança também poderá evitar distorções de preços da energia.
“No modelo atual, temos grande variações e oscilações, e agora vamos conseguir uma estabilidade maior e que represente os custos desse sistema”, explicou Zimmermann.
Atualmente, o uso das térmicas é decidido pontualmente pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico, quando há necessidade de maior suprimento energético, geralmente por causa do baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas. Agora, o acionamento dessas usinas será incorporado ao planejamento energético do país.
Outra vantagem, segundo Zimmermann, é que, quando o despacho de térmicas é antecipado, as usinas mais baratas podem ser usadas antes, o que torna o sistema mais eficiente e o custo, menor. De acordo com Zimmermann, com a mudança, o despacho de usinas térmicas fora da ordem de mérito, ou seja, que são ligadas emergencialmente, será “baixíssimo”.
A nova metodologia, desenvolvida pelo Centro de Pesquisa de Energia Elétrica (Cepel), ainda vai passar por consulta pública na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e deve começar a ser aplicada em setembro.
Agora poderemos ter energia mais barata e com menos burocracia na forma de distribuição. Quem sabe não teremos também diminuição de preços no valor dos produtos finais das fábricas? Vale acompanhar! 25/07/13.

Análise: Por que a China não comprará o mundo

Posted by João Luis

A China assusta o Ocidente. Raramente, porém, os ocidentais consideram como a China vê o mundo. Sim, o país realizou enormes avanços econômicos. Mas continua a ver uma economia mundial dominada pelos países avançados.
Entre os poucos ocidentais capazes de contemplar o mundo do ponto de vista chinês está Peter Nolan, professor de desenvolvimento da China na Universidade de Cambridge. Em um livro publicado no ano passado, ele trata de um dos grandes medos sobre a China --o de que ela esteja comprando o mundo. A resposta dele quanto a isso é que não, não está: nós estamos na China, mas a China não está em nós.
Para compreender o que Nolan quer dizer com isso, é preciso compreender sua visão sobre o que aconteceu durante as três décadas de integração econômica mundial propelida pela tecnologia. A economia mundial foi transformada, ele argumenta, pelo surgimento --por meio de fusões, aquisições e investimento estrangeiro direto-- de um pequeno número de companhias dominantes, quase todas as quais têm raízes nos países avançados.
No cerne da nova economia mundial está o que o professor Nolan define como companhias "integradoras de sistemas" --empresas com marcas dominantes e tecnologia superior que ocupam o ponto mais alto das cadeias de valor que atendem à classe média mundial. Essas companhias mundiais, por sua vez, exercem enorme pressão sobre suas cadeias de suprimentos, o que também cria consolidação cada vez mais forte entre as empresas que as integram.
Usando dados referentes ao período 2006-2009, Nolan conclui que o número de empresas mundialmente dominantes no setor de produção de grandes aviões comerciais e de refrigerantes gaseificados era de duas; na infraestrutura de telecomunicações móveis e smartphones, o total é de três empresas dominantes; na cerveja, elevadores, caminhões de transporte pesado e computadores pessoais, quatro; nas câmeras digitais, seis; e nos veículos motorizados e produtos farmacêuticos, dez. Em todas essas áreas, as empresas dominantes atendiam a entre metade e 100% da demanda mundial. Graus semelhantes de concentração emergiram em muitos setores, depois de processos de consolidação.
Concentração parecida pode ser vista entre os fornecedores de componentes. O caso dos aviões serve como exemplo. Há no planeta três fornecedores dominantes de turbinas, dois de freios, três de pneus, dois de assentos, um de sistemas para sanitários de bordo e um para fiação de aeronaves. Na indústria automobilística, bem como na tecnologia de informação, nas bebidas e muitos outros setores, o mundo tem apenas alguns poucos fornecedores dominantes dos componentes essenciais.
INTEGRADORA
Com isso podemos ver a organização da produção e distribuição mundial sob a égide da companhia integradora. Uma empresa como essa "tipicamente tem certa combinação de diversos dos atributos cruciais, entre os quais a capacidade de obter financiamento para novos projetos e os recursos necessários a bancar pesquisa e desenvolvimento em nível suficiente para manter a liderança tecnológica, desenvolver uma marca mundial, investir em tecnologia de informação atualizada e atrair os melhores recursos humanos".
Além disso, "uma centena de empresas de porte gigantesco, todas sediadas nos países de alta renda, respondem por mais de 60% dos gastos mundiais em pesquisa e desenvolvimento das 1.400 maiores empresas do planeta. Elas servem de fundação ao progresso técnico do mundo na era da globalização capitalista".
Essas companhias realizam fortes investimentos internacionais, e a China é um dos principais destinos de seu capital. No processo, estão perdendo suas características e lealdades nacionais. Isso gera tensão crescente, porque os governos encontram cada vez mais dificuldade para tributar e regulamentar "suas" empresas. Ainda assim, elas retêm características nacionais e suas raízes continuam fincadas em suas culturas nacionais.
Como a China se encaixa nesse novo mundo? O país conquistou imenso sucesso em termos de desenvolvimento. Mas construiu esse sucesso tomando por base a sua capacidade de oferecer mão de obra e mercados aos fabricantes do planeta. Assim, entre 2007 e 2009, companhias com investimento estrangeiro responderam por 28% do valor da produção industrial da China; por 66% de sua produção nos setores de alta tecnologia; e por 90% de suas exportações de produtos novos e de alta tecnologia. Assim, o país contribui crucialmente para sistemas geridos por estrangeiros. Se os cidadãos e governos dos países avançados contemplam com desagrado essas empresas globalizadas, imagine como reagem os chineses.
A China não está comprando o mundo. Entre 1990 e 2012, o volume total de investimento estrangeiro direto acumulado disparou de US$ 2,1 trilhões para US$ 23,6 trilhões. Os países de alta renda ainda respondiam por 79% desse total no ano final do período. Em 2012, o investimento externo acumulado dos Estados Unidos era de US$ 5,2 trilhões, e o do Reino Unido era de US$ 1,8 trilhão, ante US$ 509 bilhões para a China. O total líquido da soma entre investimento externo recebido e realizado era altamente negativo para os chineses, em menos US$ 324 bilhões. E em 2009, 68% do investimento externo da China continental foi realizado supostamente em Hong Kong.
Como aponta Nolan, "as empresas chinesas são conspícuas pela ausência nas grandes fusões e aquisições internacionais". Tendo em vista sua falta de recursos naturais, a China investe nesse setor fora do país. Mas, mesmo nele, a escala de seus investimentos internacionais se apequena quando comparada à das empresas estrangeiras dominantes.
O que essa análise sugere? A implicação mais importante é a de que a China mal desenvolveu qualquer companhia significativa no plano internacional. Além disso, a vantagem das empresas ocidentais que hoje lideram os mercados é tamanha que os chineses encontrarão imensa dificuldade para recuperar o atraso. Da perspectiva chinesa, portanto, o traço mais notável da economia do país continua a ser sua dependência quanto ao know-how alheio. Isso explica os desesperados esforços chineses para obter conhecimento. Uma segunda implicação é que a China está na realidade muito longe de "comprar o mundo". A paranoia quanto ao seu impacto é injustificada.
Uma questão mais profunda seria determinar se, em um mundo de empresas cada vez mais globalizadas, ainda faz sentido se preocupar porque uma companhia não é "sua". Suspeito que a resposta seja sim. A China está certa em se preocupar com isso. As companhias continuam a ter elos nacionais que determinam a maneira pela qual se comportam e, especialmente, seu papel no desenvolvimento das competências de cada dado país. Mas para uma nação vasta como a China, isso pode importar menos do que para a maioria dos outros países. No final, quase todas as empresas globais terminarão por se ver envolvidas pela China, cuja posição será central demais para que elas escapem às demandas chinesas.
Caso isso aconteça, será por conta de um processo natural de integração. Para o futuro da economia mundial, e na realidade para o futuro do mundo, é desejável que esses envolvimentos globais profundos continuem a se desenvolver. Deveríamos manter a calma e seguir adiante.
Comente a temática! 24/07/13.

Empresário investe em ovas de tainha para produzir o "caviar brasileiro"

Posted by João Luis

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Há três anos, o empresário Cassiano Ricardo Fuck tenta tornar as ovas secas de tainha um produto conhecido no mercado. Mesmo lidando com público restrito, diz que aos poucos tem conseguido colocar seu plano em prática.
Ele informa que vendeu 2 toneladas no ano passado (volume 66% maior em relação a 2011) para seis capitais do país. Daqui a três anos, o empresário quer chegar a 12 toneladas do produto, batizado por ele de "caviar brasileiro".
Segundo Cassiano Ricardo, essa comparação já é feita pelos italianos mesmo que a palavra caviar remeta às ovas do peixe esturjão (100g do caviar verdadeiro custam R$ 1.200).
Das tainhas pescadas em alto-mar do Sul ao Sudeste, o empresário tem interesse apenas por uma parte do pescado: uma bolsa que fica na barriga do peixe e que comporta em torno de 80 mil ovas.
Depois de cuidadosamente retirada, a bolsa com as ovas passa por um processo de desidratação para ser consumida em lascas, em pó ou ralada. O produto, que lembra o sabor da anchova, chega ao mercado com o nome de bottarga, assim como na Itália. Cem gramas dele custam em torno R$ 56.
Para o produtor, a tainha pescada no Brasil entre maio e julho (época permitida por lei como forma de restringir sua retirada em demasia) é mais saborosa, pois o peixe tem uma alimentação variada por viver em alto-mar. "O mesmo não acontece em Taiwan, onde o peixe é criado em cativeiro (em tanques) e à base de ração", diz..
A ligação de Cassiano Ricardo Fuck  com o setor de pescados teve início em 2008. Na época, ele foi proprietário de uma empresa exportadora de ovas frescas de tainha e  viu a comercialização despencar com a crise financeira internacional.
Diante de 50 toneladas encalhadas, o empresário decidiu se inspirar em países asiáticos e mediterrâneos. Desidratou o produto e o colocou no mercado. Com um investimento de R$ 300 mil, ele criou a Bottarga Gold que adquire a matéria-prima de outra empresa de pescado da qual é gerente.

Brasil pode dobrar a produção de peixes em uma década

Apesar do reconhecido potencial, o Brasil ocupa o 14º lugar na produção de pescados de água doce do mundo, segundo as Organizações das Nações Unidas (ONU). Mas essa posição pode mudar conforme um estudo do Rabobank, banco de origem holandesa e considerado o principal financiador mundial da área agrícola.
O levantamento aponta que o país pode alcançar a produção de 960 mil toneladas de pescados provenientes de criações em água doce nos próximos nove anos. O volume representa o dobro das 480 mil toneladas produzidas em 2010, conforme os dados mais recentes do Ministério da Pesca.
Na avaliação do Rabobank, o Brasil terá condições de competir no futuro com Tailândia, Noruega e China, consideradas as superpotências em pescados.
Para Roberto Valladão, economista e pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura, o país chegará a essa posição se investir em tecnologia voltada para a criação. "Hoje, o Brasil não produz em condições ideais. Por isso perdeu espaço para a China, que coloca pescados no mercado a preços mais competitivos", diz. 
O consumo de peixes no Brasil sempre foi considerado baixo. Segundo Valladão, cada brasileiro come menos de dez quilos de peixe por ano, abaixo dos 12 kg recomendados pela ONU. Na Noruega e no Japão, o consumo alcança os 20 kg por ano.
Finalmente o Brasil, com o tamanho do seu litoral, percebeu o potencial de pesca que tem. Produzir uma atividade pesqueira de alto nível e sustentável, vai gerar preços menores para o mercado interno e maior visibilidade internacional com seu papel ecológico. Gera emprego e renda para um grande número de trabalhadores. Post e comente a temática! 20/07/13. 

Grécia aprova projeto que prevê demissão de milhares de servidores

Posted by João Luis


O instável governo de coalizão da Grécia conseguiu aprovar nesta quarta-feira (17) um projeto de lei para demitir trabalhadores do setor público, enquanto milhares de pessoas gritavam frases contra as medidas de austeridade em frente ao Parlamento.

A votação foi o primeiro grande teste para a coalizão de dois partidos do primeiro-ministro grego, Antonis Samaras, desde que perdeu um aliado após o fechamento abrupto da emissora estatal no mês passado, que o deixou com uma maioria de apenas cinco deputados no Parlamento de 300 lugares.
Servidor em frente aos policiais na sede do palamento grego em noite de votação. (Foto: Yannis Behrakis/Reuters)Servidor em frente aos policiais na sede do parlamento grego em noite de votação que prevê demissão de funcionários públicos. Após a meia-noite desta quarta-feira em Atenas, 153 dos 293 parlamentares presentes votaram a favor do projeto de lei, cuja aprovação foi necessária para desbloquear quase 7 bilhões de euros em ajuda da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional.
O projeto inclui planos extremamente polêmicos para a transferência e demissão de 25 mil funcionários públicos, principalmente professores e policiais municipais, que tinham provocado uma semana de marchas, manifestações e greves quase que todos os dias.
Cerca de 5 mil gregos foram para frente do Parlamento com a aproximação da votação, com alguns cânticos "nós não vamos sucumbir, a única opção é resistir" e segurando balões pretos, apesar de o comparecimento ter sido muito menor do que nos protestos do ano passado.
"Após 12 anos no emprego, demitem a gente em uma noite", dizia entre soluços a vigilante escolar Patra Hatziharalampous, de 52 anos, que protestava de uniforme. "Se eles tiverem o mínimo de coragem, deveriam dizer não ao resgate (financeiro internacional) e retirar alguns artigos da lei."
Em uma tentativa de aplacar os protestos, Samaras anunciou, horas antes da votação, o primeiro corte de impostos na Grécia desde o início da crise fiscal no país, há quase quatro anos.
"Apesar das dificuldades, coisas importantes e significativas estão acontecendo no nosso país", disse Samaras, num inesperado pronunciamento de rádio e TV, anunciando que o imposto sobre valor agregado (IVA) nos restaurantes, elevado a 23 por cento em 2011, será reduzido para 13 por cento a partir de agosto.
"Não vamos relaxar. Vamos continuar morro acima, vamos chegar ao topo, que não está longe, e dias melhores virão para a nossa gente", disse ele.
O premiê disse que o corte contribuirá para reduzir a evasão tributária, um grande problema no país e uma das razões para a crise da dívida de 2009. Ele alertou, no entanto, que a alíquota voltará a 23% se a evasão não diminuir.
Desde 2010, a Grécia já recebeu dois resgates financeiros de 240 bilhões de euros, mas em contrapartida precisou cortar salários do funcionalismo e elevar impostos. O país está em recessão há seis anos, e o desemprego é de 27%.
A crise na zona do Euro parece não ter fim. Até quando os "nanicos" da UE vão aguentar? E as potências? Vão sustentá-los? Post e comente a temática! 18/07/13.

Você sabia?O Arco do Desflorestamento na Amazônia.

Posted by João Luis

A produção de soja no Brasil alcançou destaque na última década. Atualmente, o país configura-se como maior exportador e segundo maior produtor de soja Ano mundo. Porém, a expansão desse cultivo está sendo associada diretamente ao desmatamento da Floresta Amazônica. Sua cultura iniciou-se no sul do país e avançou para a região central, sobre o bioma do cerrado, expandindo-se, gradativamente, ao norte do Brasil, principalmente por meio de latifúndios monocultores e controlados por grandes empresas transnacionais. A área de avanço agrícola ao norte tem substituído o bioma local: a Floresta Amazônica, o que tem preocupado entidades públicas e privadas, em face do desmatamento exagerado e perda da biodiversidade. Este estudo analisa o avanço da cultura da soja no norte do estado de Mato Grosso, no período entre 1984 e 2009, por meio da interpretação de imagens de satélite, e sua relação com o desmatamento da Floresta Amazônica. Como resultado, apresentam-se três mapas de uso do solo da área de estudo. A análise dos mapas permitiu verificar que o desmatamento recente da floresta está sendo promovido pela atividade pecuária, e os solos descampados e erodidos do pasto têm sido usados para a cultura de soja. Ou seja, na área analisada, a soja estabelece-se em áreas antes degradadas pelo gado, e não diretamente sobre as áreas de floresta desmatada.
Falar em desenvolvimento sustentável no Brasil com exemplos dessa natureza é no mínimo contraditório. O que podemos esperar de positivo do PAC da amazônia no sentido ecológico? Como poderemos pleitear  cargos majoritários na ONU com tais ações predatórias? Post e comente a temática! 17/07/13.

EUA e União Europeia pretendem criar zona de livre comércio

Posted by João Luis



Os Estados Unidos e a União Europeia pretendem criar uma zona de livre comércio. A junção da região em um único bloco econômico criaria uma área com cerca de 800 milhões de consumidores.


A expectativa é que a diminuição dos impostos na região estimule o aumento do consumo, o que geraria mais empregos na Europa, principalmente nos países em que a economia ainda está fria devido à crise. Apesar da longa negociação para que o bloco seja criado, a expectativa é de que o anúncio possa ser feito até o final de 2014.



Para o ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, ainda é cedo para avaliar as consequências de tal acordo, mas observa que os países envolvidos terão dificuldade para chegar a um consenso sobre alguns pontos, como o que trata das tarifas praticadas em alguns setores.



As diferenças tarifárias são um grande entrave na opinião do sociólogo Carlos Eduardo Martins, mas ele pontua também a questão política: o acordo aproxima os governos europeus dos Estados Unidos. “Caso esta proposta avance e impulsione as assimetrias e as frustrações sociais, como as que se desenvolveram na União Europeia lastreada pelo euro, poderá provocar uma forte oposição interna cujos efeitos políticos certamente terão impacto significativo na geopolítica mundial do século 21”, avalia o Coordenador do laboratório de Estudos sobre Hegemonia e Contra-hegemonia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LEHC-UFRJ).



Fonte: Terra / Vanessa Silva
Imaginaram o tamanho do super bloco? Como ficaria o restante do regionalismo planetário? Da TRIPOLARIDADE para uma possível unipolaridade? E a APEC aguentaria a concorrência? Os blocos emergentes como ficariam? Post e comente  a temática! 17/07/13.

Índia contabiliza quase 6.000 desaparecidos em inundações como mortos: MONÇÕES DE VERÃO

Posted by João Luis

Quase 6.000 pessoas desaparecidas após as inundações que afetaram o norte da Índia no mês passado serão consideradas mortas, anunciaram as autoridades nesta segunda-feira.
"No total, 5.748 pessoas continuam desaparecidas e o processo de compensação financeira para as famílias começará na terça-feira, por considerarmos esses desaparecidos faleceram", afirmou Vijay Bahuguna, chefe de Governo de Uttarakhand, o Estado mais afetado.
Rua alagada em Jalandhar; autoridades indianas subiram para 6.000 o número de mortos nas inundações do último mês no norte do país
As chuvas torrenciais de monção, que neste ano aconteceram antes do período habitual, deixaram milhares de turistas e peregrinos retidos no Estado.
O governo prometeu pagar 500.000 rupias (aproximadamente R$ 19 mil) às famílias de cada vítima fatal das inundações e deslizamentos de terra.
"TERRA DOS DEUSES"
No dia 15 de junho, as chuvas e deslizamentos de terra destruíram hotéis e estradas, no auge da peregrinação em Uttarakhand, Estado conhecido como "terra dos deuses" por seus numerosos templos.
Bahuguna garantiu que a prioridade é reconstruir o Estado himalaio, onde centenas de pontes desabaram em consequência da cheia dos rios.
"A maior prioridade é proporcionar água potável, restaurar a energia elétrica e reconstruir as estradas", disse.
"As pontes que podem ser reparadas serão reformadas. Também serão construídas outras novas de substituição", disse, ao anunciar o plano de recuperação de Uttarakhand.
Bahuguna destacou que os moradores de 240 vilarejos devastados receberão ajuda financeira para reconstruir suas casas.
"O governo construirá casas resistentes aos terremotos nas localidades modelo que estabeleceremos", declarou.
As equipes de resgate pretendem entregar 20.000 lâmpadas que funcionam com energia solar a aldeias remotas que estão sem energia elétrica.
No mês passado, milhares de militares foram mobilizados para participar em uma ampla operação de resgate, ajudados por helicópteros do exército, que retiraram mais de 100.000 pessoas da região.
Todos anos as Monções de verão deixam milhares de mortos no sul e sudeste asiático. O rigor climático aliado a grande concentração demográfica da região potencializam as perdas. Post e comente a temática! 16/07/13. 

Paraguai nega volta ao MERCOSUL

Posted by João Luis

Correio Braziliense - 13/07/2013
 

O presidente eleito do Paraguai, Horacio Cartes, rejeitou, no fim da noite de ontem, reintegrar seu país ao Mercosul. Segundo ele, a entrada da Venezuela no bloco e a entrega da presidência rotativa ao presidente Nicolás Maduro não se ajustam aos tratados internacionais firmados pelos sócios fundadores. “As características jurídicas da entrada da Venezuela como membro pleno do Mercosul, em julho de 2012, não respeitaram as normas legais”, afirmou Cartes, por meio de um comunicado divulgado após a cúpula do Mercosul em Montevidéu, onde ficou decidido o retorno do Paraguai ao bloco, com a anulação da medida imposta a Assunção após o impeachment relâmpago do presidente Fernando Lugo.

Segundo Cartes, “o mero transcurso do tempo ou decisões políticas posteriores não restabelecem, por si só, o império do direito”. “O direito internacional e nacional deve ser reconhecido, respeitado e cumprido tal como foi estabelecido”, declarou. Ao ser suspenso do Mercosul, o Congresso do Paraguai ainda não tinha aprovado a entrada da Venezuela no bloco, e resistia à medida por motivos políticos. O presidente eleito, que assumirá no dia 15 de agosto, ressaltou que um fato fundamental da política internacional é a vigência do direito internacional. “A política não é força e nem arbítrio, e também não legitima qualquer fato ou procedimento que ignore o direito”, disse. 

No discurso durante a cúpula em Montevidéu, a presidente Dilma Rousseff sinalizou que o Paraguai e seu povo “são partes essenciais do destino do Mercosul”. Ela ressaltou que o Mercosul “jamais tomou atitudes de retaliação ao povo ou ao governo paraguaio”, demonstrando maturidade política e econômica. Mais tarde, em uma entrevista coletiva, Dilma saudou o retorno do país vizinho. “A partir do dia 15, com a posse do presidente Horacio Cartes, nós temos todas as condições de receber o presidente, e o Paraguai, portanto, de volta ao Mercosul”, declarou. Mas Cartes frustrou a brasileira e os outros líderes do bloco com a negativa.
E agora MERCOSUL? Ficamos sem um membro fundador? Seria mais uma queda de braço dentro do bloco? Post e comente a temática! 16/07/13.

Barco movido a energia solar faz expedição científica

Posted by João Luis

No ano passado, depois de se tornar o primeiro barco movido a energia solar a circum-navegar o globo, o Turanor Planetsolar poderia ter seguido com seus 510 metros quadrados de células fotovoltaicas e sete toneladas de baterias de íons de lítio em direção ao pôr do sol.
Mas o barco vai navegar pela corrente do Golfo, estudando o papel dos aerossóis atmosféricos e do fitoplâncton na regulação clima, sob a direção de Martin Beniston, climatologista da Universidade de Genebra, na Suíça.
O cruzeiro de pesquisa começou em Miami e fará paradas na Terra Nova e na Islândia enquanto acompanha a corrente marítima setentrional. A viagem deverá terminar em Bergen, na Noruega, em agosto.
Em meados de junho, o barco parou em Nova York durante alguns dias. O catamarã de 30 metros e US$ 17 milhões foi o sonho de um eco-aventureiro suíço financiado por um empresário alemão. Completamente movido pela energia solar -as células solares de alta eficiência carregam as baterias que movem motores elétricos ligados às hélices duplas da embarcação -, ele não produz emissões de dióxido de carbono ou outros gases que poderiam contaminar as amostras de ar. O lento deslocamento também não é problema -a velocidade média do barco é de apenas cinco nós.
Jabin Botsford/The New York Times
Ao custo de U$ 17 milhões, barco é o primeiro movido a energia solar a dar a volta ao mundo
Ao custo de U$ 17 milhões, barco é o primeiro movido a energia solar a dar a volta ao mundo
O equipamento de pesquisa transportado inclui uma "ferrybox", sistema de monitoramento que registra constantemente a temperatura, a salinidade e outras características da água. Também tem uma "biocaixa", desenvolvida pelo Departamento de Física Aplicada da universidade, que usa um laser para analisar o número e o tipo de aerossóis nas amostras de ar.
O problema dos aerossóis gerados pelo oceano -partículas sólidas ou líquidas na atmosfera que podem ter um impacto na formação de nuvens, no reflexo da luz solar e em outros processos- é relativamente novo na ciência climática, disse o doutor Beniston. "Supomos que o oceano deve ser um contribuinte bastante grande de aerossóis por meio da ação das ondas e do vento", disse ele.
"Seu papel exato ainda está aberto a questões." O plano do doutor Beniston é examinar estruturas menores na corrente do Golfo, incluindo correntes secundárias giratórias, chamadas vórtices oceânicos. Os vórtices tendem a ter mais empuxo de água mais fria e profunda que a própria corrente do Golfo, por isso um dos objetivos é ver se condições de água diferentes produzem aerossóis diferentes. Bastiaan Ibelings, ecologista microbiano da Universidade de Genebra, quer ver se as condições nos vórtices resultam em mais ou menos diversidade biológica que em outros lugares.
O barco, que concluiu sua circum-navegação de 59.500 quilômetros em 19 meses em maio de 2012, é um "embaixador da energia solar", disse Gérard d'Aboville, seu atual capitão.
O Planetsolar coloca alguns desafios únicos. Além do vento, das ondas e da corrente, d'Aboville deve constantemente considerar a quantidade de luz solar que atinge as células fotovoltaicas, mantendo as baterias carregadas ao máximo. (Elas podem movimentar o barco durante 72 horas quando totalmente carregadas.) "Eu tenho esse novo parâmetro do sol. Isso torna a vida interessante", disse.
Uma expedição científica com um barco sustentável. Basta realizar uma escala industrial de produção que os custos serão menores. Post e comente a temática! 10/07/13.

Risco de guerra civil existe, afirma estudioso da Primavera Árabe: Entenda o que ocorre no EGITO

Posted by João Luis

O risco de guerra civil existe no Egito, mas o mais provável é que ocorra uma negociação mediada pelos EUA entre a Irmandade Muçulmana e as Forças Armadas.
A avaliação é do sociólogo Gilbert Achcar, professor da Universidade de Londres. Para ele, a continuidade das políticas neoliberais explica a atual explosão social. A turbulência deve durar muitos anos, e a Primavera Árabe está no seu estágio inicial.
Achcar, que acaba de lançar um livro de análise sobre o movimento na região, diz que os processos no Egito e no Brasil são radicalmente diferentes. "Não acho que o Brasil esteja no caminho do Egito", diz.
A seguir a entrevista concedida nesta quinta, por telefone.

Folha - O que acontece no Egito?
Gilbert Achcar - É um golpe como o que derrubou Hosni Mubarak em 2011. Nos dois casos foram os militares que tomaram a iniciativa de derrubar o presidente existente, no contexto de uma enorme mobilização de massas. Em 2011, era Mubarak, e a Irmandade Muçulmana estava nas ruas com o restante da oposição. Hoje, a Irmandade Muçulmana está no poder e aqueles que lamentam a queda do antigo regime também estão nas ruas com o restante da oposição, a esquerda etc. É o mesmo cenário, mas os atores trocaram de papel.

Por quê? O que deu errado no Egito?
Muitas coisas. A Irmandade Muçulmana falhou terrivelmente no seu teste de governo. Falhou em atacar a situação econômica e social, porque deu continuidade às mesmas políticas sociais e econômicas do regime anterior. Essas políticas neoliberais não podiam trazer soluções para o país. Ao contrário, agravaram problemas. É inacreditável a forma de fundamentalismo neoliberal do FMI. A Irmandade Muçulmana é uma fundamentalista islâmica. O FMI é um fundamentalista neoliberal. Eles empurram medidas neoliberais num país onde essas medidas levaram a um desastre.

O que fizeram?
O coração da política do FMI é que o setor privado precisa ser o principal motor da economia e que o Estado precisa diminuir seus dispêndios e também os gastos sociais. São receitas para explosão. Eles nem conseguiram implementar muitas medidas do FMI, porque sabiam que eram muito fracos para fazer isso. Continuaram as políticas anteriores e não conseguiram começar a atacar os enormes problemas econômicos e sociais, o desemprego --onde estão as verdadeiras raízes da situação.

Também falharam imensamente no campo político. Ficou claro que tinham perdido muito crédito. Os muçulmanos foram eleitos só no segundo turno graças a pessoas que votaram neles só porque eram contra seus opositores. Não porque eram seus apoiadores. No lugar de entender isso e adotar uma política de conciliação, reunindo outras forças políticas, eles tiveram um comportamento totalmente arrogante. Tiveram a capacidade de colocar contra eles pessoas que inicialmente tinham uma boa impressão deles. Falharam em todas as frentes. É esse fracasso total que levou a esse enorme movimento de massas. A mídia ocidental tem afirmado que esse é a maior mobilização de massas da história humana. Não sei se é isso, mas a massa de muitos milhões de pessoas nas ruas do Egito é impressionante.
O que os muçulmanos vão fazer? É um fracasso do Estado muçulmano?
É um fracasso da Irmandade Muçulmana. Até agora ela está se recusando a aceitar o golpe. Ela tem dois caminhos: conflito ou negociação. Duvido que opte pelo confronto. Isso porque eles são basicamente um partido conservador, com muita classe média e muitos homens de negócios em sua liderança. Não creio que eles se encaminhem para uma aventura de confronto com as Forças Armadas. Isso seria suicídio.

O mais provável é que se encaminhem para uma posição de barganha. É provável que estejam apostando no Qatar e em Washington para negociar algum compromisso com os militares pelo qual teriam alguma fatia de poder, com novas eleições sendo organizadas em breve.
Qual o papel dos EUA nesse processo?
Muitas pessoas acreditam que os EUA são como um deus que puxa todos os cordões em todos os lugares. Isso é loucura. Dizer que a primavera árabe é uma conspiração de Washington é loucura. Washington está no ponto mais fraco de sua influência na região, principalmente devido ao desastre no Iraque.

Com as revoltas, os EUA perderam alguns de seus aliados mais importantes, como Mubarak. Eles estão numa situação muito difícil. Optaram por uma aliança com a Irmandade Muçulmana para encarar a nova situação. Washington estava apoiando o governo Mursi até o último minuto. Ao mesmo tempo, as Forças Armadas no Egito são o aliado mais próximo, estratégico, de Washington. Por isso, os EUA vão ser provavelmente os mediadores. Eles têm ligações orgânicas com as Forças Armadas, o que não é o caso com a Irmandade Muçulmana. Mas, ao mesmo tempo, eles temem ser antagonistas da Irmandade Muçulmana. Por isso, vão tentar mediar, para tentar algum compromisso entre as Forças Armadas e a Irmandade.
Como ficaria a questão do financiamento dos EUA aos militares egípcios, tendo em vista a restrição formal ao apoio a ditaduras?
Não é uma ditadura. As Forças Armadas não estão sendo estúpidas ao ponto de repetir o que fizeram após a queda de Mubarak, quando exerceram o poder diretamente. Pagaram um preço alto por isso, perdendo muito rapidamente a sua credibilidade. Não repetirão essa experiência, a menos que não tenham outra escolha. Estão colocando civis na frente. Vão formar um governo civil e organizar eleições o mais breve possível. Vão fazer isso, a não ser que a situação se deteriore, o que depende da atitude da Irmandade Muçulmana.

Não é uma ditadura?
É menos do que em fevereiro de 2011, quando as Forças Armadas se tornaram governo. Agora elas querem puxar os cordões, mas dos bastidores.

Sobre os EUA, no Congresso eles são pela democracia, desde que ela seja interessante para os interesses dos EUA. Quando a democracia traz algo mais, eles se esquecem disso. Todos os poderes do Ocidente se recusam a reconhecer o governo palestino quando o Hamas venceu as eleições em 2006. Houve hipocrisia. As potências não dirão que a Irmandade é o governo legítimo. São mais próximos das Forças Armadas do que da Irmandade. Houve uma enorme mobilização de massas, e aceitaram o papel dos militares em 2011. E estão aceitando novamente.
As Forças Armadas são a instituição mais importante no Egito?
Sim. Partidos Nunca foram importantes. A espinha dorsal do Estado são as Forças Armadas. Isso acontece desde os anos 1950. Os militares têm o principal papel no Estado e na economia, onde controlam quase um terço da economia egípcia. São donos de várias indústrias, em setores também civis, como turismo, alimentação etc. Têm dirigido o país direta ou indiretamente.

É uma herança de Gamal Nasser (1918-1970)?
Sim. É curioso como a memória é muito curta nesses movimentos de massa. Não se lembram de que há um ano estavam na rua contra as Forças Armadas.

Por quê?
Eles não têm perspectiva própria, uma estratégia para canalizar esse potencial enorme da manifestação popular para a tomada de poder. Isso seria muito revolucionário para eles. Preferem fazer isso através das Forças Armadas.

Há falta de partidos, organizações e instituições que direcionem essa enorme energia para tomar o poder?
Exatamente. Os progressistas e a esquerda são muito fracos. A única força política importante organizada é a Irmandade Muçulmana. Os progressistas não são suficientemente radicais para tomarem o risco de liderar o movimento de massas para uma tomada popular do regime. Por isso dependem das Forças Armadas para alguma coisa acontecer.

No Brasil há fortes manifestações e se fala de falta de representatividade. Há comparação possível com Egito?
São situações radicalmente diferentes. Turquia e Brasil têm mais em comum do que o que ocorre nos países árabes. Nesses, há uma crise resultante da falta de crescimento durante muitas décadas. É um movimento muito profundo contra regimes e governos que têm falta de legitimidade.

Na Turquia e no Brasil, houve crescimento nos últimos anos e muitas conquistas. Enfrentam uma crise de desenvolvimento, não uma crise de falta de desenvolvimento. Em ambos países, ninguém discorda que os governantes foram eleitos pela maioria, que têm legitimidade. Ninguém diz que Dilma Rousseff é uma déspota. Não vejo que o que ocorre no Brasil tenha a profundidade de uma mudança radical, uma explosão como se observa no Egito. Não acho que o Brasil esteja no caminho do Egito.
O que vai acontecer no Egito?
No futuro imediato depende da posição da Irmandade Muçulmana. Ou encontram um acordo, ou, no pior cenário, poderia haver uma situação tipo argelina --quando os militares, em 1992, interromperam o processo eleitoral e houve uma guerra civil. Esse é o risco no Egito. Mas não acredito que a Irmandade fará essa escolha. O próximo capítulo se dará em torno de uma coalizão política. Mas ela não terá condições de atacar a situação social e econômica enquanto continuar seguindo as políticas neoliberais. Isso significa que ainda haverá muitos, muitos anos de instabilidade.

No início das revoltas, em 2011, caracterizei o movimento como um longo processo revolucionário. Isso está no meu último livro "The People Want, A Radical Exploration of the Arab Uprising" [O desejo do povo, uma exploração radical da primavera árabe]. Vai depender da habilidade das esquerdas, da emergência de uma alternativa radical às políticas econômicas que estão sendo implementadas na região desde os anos 1970. Inspiradas no neoliberalismo, elas levaram a esse desastre.
Em que estágio está agora a Primavera Árabe? Ela ainda existe?
Está no estágio inicial. Essa é apenas a primeira fase de um processo que se estenderá por muitos anos. O que disse sobre o Egito vale para toda a região.
Créditos: Folha on line. Comente a temática! 10/07/13.

Defesa do governo Dilma divide centrais sindicais

Posted by João Luis

As principais centrais sindicais chegam divididas ao "Dia Nacional de Lutas" em relação ao apoio ao governo Dilma Rousseff. O movimento, que coloca os trabalhadores na rota de protestos, promete paralisar São Paulo e algumas das principais cidades do país amanhã.
Os trabalhadores fizeram uma série de reuniões para definir uma pauta comum de reivindicações, mas temas sensíveis ao governo Dilma como o plebiscito e o combate à inflação dividem os líderes sindicais.
A falta de consenso resultou na inclusão somente de assuntos de interesse direto dos trabalhadores, como a redução da jornada, o fim do fator previdenciário e ainda o combate à terceirização dos postos de trabalho.
A CUT (Central Única dos Trabalhadores) queria o apoio das demais centrais à consulta popular para uma reforma política, encampada pelo PT e pelo governo. Mas sindicalistas ligados à Força Sindical e à CSP-Conlutas vetaram a ideia. A CUT levará a proposta isoladamente.
Por outro lado, as duas centrais de oposição querem debater o combate à inflação e defendem mudanças na equipe econômica. "Vamos pedir a cabeça do ministro Guido Mantega. Queremos mudança na política econômica e redução na inflação, que corrói o salário do trabalhador", disse Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente da Força Sindical.
"O problema não é o ministro. É o governo que privilegia o interesse dos bancos, das empresas, do agronegócio, e não o dos trabalhadores", disse José Maria de Almeida, coordenador da CSP-Conlutas e presidente do PSTU.
A CUT nega que defenda a proposta do governo, mas confirma que é a favor da consulta popular sobre temas de interesse da sociedade.
Os sindicalistas não falam em número de pessoas nas manifestações, mas sim no total de em trabalhadores que vão aderir à paralisação.
Na avaliação da Conlutas, se o Metrô de São Paulo parar 5 milhões de passageiros serão afetados, o que amplificaria o alcance do ato.
Os metroviários devem decidir hoje sobre sua adesão ao dia de protesto. Ontem, a tendência dos líderes da categoria era pela paralisação.
Os ônibus devem operar normalmente em São Paulo, segundo o sindicato.
Pelo menos 600 mil servidores públicos do Executivo e do Judiciário também vão aderir. Petroleiros, professores, comerciários, químicos e metalúrgicos de diferentes centrais também vão parar.
Os estivadores do porto de Santos iniciam hoje a paralisação. Os bancários decidem hoje se participam.
Em São Paulo, haverá uma manifestação conjunta das centrais sindicais na avenida Paulista, a partir das 12h.
Militantes do PT prometem ir às ruas para pedir a reforma política, o que tem irritado as centrais, exceto a CUT.
Dirigentes do partido, pedindo reserva do nome, disseram à Folha que militantes petistas vão participar tendo "a pauta das centrais" como foco principal e que o debate sobre a reforma política nunca foi colocado como prioridade no ato, mas que não podem impedir a militância de tratar sobre o tema, se desejarem. A resistência é atribuída ao que classificam como "veneno" por parte de Paulinho.



Vamos a luta! Comente a postagem. 10/07/13.