Obama versus Estado Islâmico

Posted by João Luis

Imagem divulgada pelo site jihadista Welayat Salahuddin mostra militantes do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) executando dezenas de iraquianos membros das forças de segurança em um local desconhecido
Militantes do Estado Islâmico executando dezenas de iraquianos (AFP/Welayat Salahuddin/AFP
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, lançou uma estratégia detalhada de como sua administração planeja combater o Estado Islâmico (EI), que controla uma parte significativa da Síria e Iraque. Apesar de eu ter sido uma crítica severa da política de Obama em relação à Síria por dois anos e meio, sua nova estratégia reflete uma política externa coerente e madura – embora ela não esteja totalmente à altura de seus valores proclamados. E essa omissão ainda pode derrotar o seu plano.
A abordagem de Obama é louvável por três razões. Primeiro: combina força e diplomacia. Segundo: atribui condições cautelosas ao tipo e escopo de ação militar americana. Terceiro: ela une o destino destes esforços em direção à existência e à eficácia de uma ampla coligação no Médio Oriente, deixando claro que, embora os Estados Unidos estejam preparados para liderar, não podem e não irão assumir o papel de polícia global.
No 'GAME of Thrones' do Oriente Médio, Obama está jogando o melhor que ele pode. Ele sabe que um esforço militar americano pode enfraquecer muito o Estado Islâmico, mas que apenas um esforço político-militar combinado pode derrotá-lo. Obama gerou influência política para si próprio ao desenhar uma linha clara, anunciando que os EUA iriam "expandir nossos esforços além de proteger nosso povo e nossas missões humanitárias" somente em conjunto com o governo iraquiano recém formado. Se o novo governo desempenhar um bom papel em suas promessas de inclusão política, os EUA irão ajudá-lo a obter o seu país de volta; se não, não.
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Igualmente importante, mas menos evidente, é o trunfo que esta posição fornece em relação ao Irã. Obama não mencionou o Irã durante o seu discurso, mas os comentaristas têm especulado se sua estratégia dá mais poder aos iranianos, na teoria de que o apoio de Teerã é decisivo para o sucesso na luta contra o Estado Islâmico. Mas o governo xiita do Iraque é uma das principais âncoras estratégicas do Irã na região; e antes de os EUA começassem os ataques aéreos contra o Estado Islâmico, a certeza de que o governo iraquiano iria sobreviver estava longe. O Irã precisa do poder aéreo dos Estados Unidos da mesma forma que os EUA precisam das tropas de apoio iranianas em terra.
A ênfase dos EUA numa coalizão regional para combater o Estado Islâmico é também uma hábil diplomacia. O Secretário de Estado John Kerry deixou claro que, por enquanto, o Irã não é um membro bem-vindo. O Irã, sem o qual a coligação essencialmente torna-se uma frente sunita, pode ter um lugar à mesa – e desempenhar um papel grande e evidente na resolução da guerra civil Síria – mas só se estiver disposto a chegar a um acordo para controlar seu programa nuclear. Nunca houve melhor momento para fazê-lo.
Onde a estratégia de Obama é mais fraca é em atingir pessoas comuns: a rede das relações humanas que transmite raiva, ódio, desespero ou esperança, confiança e lealdade. Sua doutrina de que os EUA usarão a força para defender seus "interesses essenciais", mas vão mobilizar outros "para enfrentar os desafios mais amplos de ordem internacional", é a lógica perfeita e boa política num país cansado de guerras.  Mas, como um sírio tuitou para mim, o que o mundo ouve Obama dizer é que os EUA usarão a força para vingar a morte de dois jornalistas americanos, mas vão esperar um pouco enquanto 200.000 sírios são sacrificados.
A menos que a ação militar dos EUA seja vista como realmente destinada a proteger vidas e a propriedade do povo iraquiano e sírio, os EUA rapidamente perderão a guerra de propaganda para o Estado Islâmico. Como muitos especialistas advertem, na primeira vez que um drone atingir uma mulher ou uma criança, o vídeo da cena e o funeral serão postados para o mundo muçulmano ver. Mesmo se esse vídeo não aumentar realmente o apoio ao Estado Islâmico, ele irá convencer milhões de muçulmanos de que os EUA voltaram a usar seus velhos truques militares: jogando bombas por causa do petróleo, ou por causa de Israel, ou simplesmente para esmagar todos muçulmanos. Essas atitudes antiamericanas, recentemente endurecidas mais uma vez, dificultarão, em muito, a obtenção das informações necessárias contra o Estado Islâmico em terra.
Isso não vai apenas prejudicar os EUA na Síria e no Iraque, mas vai formatar opiniões populares em outros Estados árabes, limitando a capacidade dos seus governos de trabalhar com os Estados Unidos. Mais prejudicial de tudo, uma justificativa puramente estratégica para a ação militar – em defesa do núcleo de interesses dos EUA – não deixa espaço para fazer o que realmente precisa ser feito na Síria. A única maneira de trazer o ditador sírio Bashar Assad à mesa das negociações é enfraquecer a ele e ao Estado Islâmico simultaneamente. E a única justificativa legal ou moral para atacar sua força aérea, depósitos de munições ou armamento pesado é a responsabilidade internacional de proteger seu povo contra ele mesmo – assim como os EUA tem ajudado a proteger os Yazidis do Estado Islâmico.
Ao contrário da alegação de Obama, a brutalidade do Estado Islâmico não é "exclusiva". Assad já matou mais de 200.000 pessoas, em sua maioria civis, em um conflito que começou com a tortura de crianças em seu governo. Simplesmente falando sobre a responsabilidade de proteção, como Obama fez uma vez, acompanhado por ataques um pouco limitados – talvez como punição por Assad ter usado recentemente gás de cloro contra civis – mudaria o jogo rapidamente. O Irã entenderia que a repressão dos Estados Unidos na Síria não está indefinida; os governos sunitas poderiam ter vergonha aos olhos de seu próprio povo por não fazerem mais; e a narrativa do Estado Islâmico de brutalidade colidiria com uma narrativa da humanidade.
O destino dos camponeses tem um impacto direto e importante no dos reis. A política de Obama oscila entre cálculos geopolíticos, com base no interesse nacional e na retórica de valores universais, assumindo a responsabilidade por "nossa segurança comum e a humanidade comum". Tornar real esta retórica conseguiria o espaço de manobra que é necessário para alcançar os objetivos geopolíticos da sua política externa.
*Anne-Marie Slaughter, Presidente e CEO da New America Foundation, é autora de 'The Idea That Is America: Keeping Faith with Our Values in a Dangerous World' (sem tradução no Brasil).
© Project Syndicate, 2014
Post e comente a temática da vez! 27/09/14.

Após correção de erro, Pnad mostra queda na desigualdade e não aumento

Posted by João Luis

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou na noite desta sexta-feira (19) uma correção da análise de dados e microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) divulgada ontem (18), o que levou a erro em alguns resultados das estimativas. O índice de Gini, por exemplo, que mede a desigualdade no país, em 2012 estava em 0,496 e, em 2013, caiu para 0,495, o que mostra redução na desigualdade, ao invés do aumento para 0,498 divulgado ontem.
Apesar de o percentual de pessoas que ganham até um salário mínimo ter ficado em 25,2% da população ocupada em 2013, e não 24,8%, a desigualdade diminuiu porque a taxa dos que ganham de cinco a 20 salários mínimos passou de 7,6% para 7,3% entre as duas análises e os que recebem mais de 20 salários mínimos permaneceu em 0,7%.
De acordo com o diretor de Pesquisa do instituto, Roberto Luís Olinto Ramos, todos os dados puros estão corretos, mas houve um erro técnico que superestimou a população das regiões metropolitanas do país, o que influenciou em outros dados, como o índice de Gini.
"Basicamente o que aconteceu foi um erro técnico que afetou alguns estados e algumas variáveis. A pesquisa é por amostra, não cobre a população inteira. Existe um processo onde você pega a amostra e projeta com um peso. Da amostra para o todo, houve um problema restrito às regiões metropolitanas de sete estados que têm mais de uma região metropolitana, onde foi considerado o peso da região metropolitana do estado inteiro, e não apenas o da capital".
O problema ocorreu nos estados do Ceará, de Pernambuco, da Bahia, de Minas Gerais, de São Paulo, do Paraná e do Rio Grande do Sul, onde existem regiões metropolitanas nas capitais e também em outros municípios, e levou a mudança nas análises nacionais, além das regionais.
O rendimento mensal do trabalho variou menos do que o estimado ontem: 3,8%, e não 5,7%, com isso, o valor do rendimento médio mensal ficou em R$ 1.651, e não R$ 1.681. De acordo com o coordenador de Renda E EMPREGO, Cimar Azeredo, isso se explica pelo fato de a renda nas regiões metropolitanas ser maior do que no interior dos estados.
"Rendimento é o que mais sofreu mudança, pois os dados da região metropolitana estavam inflados e os maiores rendimentos estão na região metropolitana. Pelo mesmo motivo, o analfabetismo aumentou, porque é maior no interior".
A taxa de analfabetismo em 2012 era 8,7% da população e caiu para 8,5%. O dado divulgado ontem foi 8,3%. A taxa de desocupação permanece a mesma divulgada ontem, de 6,3% da população, mas o contingente de pessoas é 6,637 milhões, e não 6,693 milhões. O nível de ocupação total ficou em 61,8% da população, no lugar de 61,2%. O trabalho infantil caiu 10,6%, e não 12,3% divulgado ontem.
A presidenta do IBGE, Wasmália Bivar, pediu desculpas a toda a sociedade pelo erro, mas afirmou que, do ponto de vista significativo, os resultados não mudaram substancialmente.
Analisem os dados acima, pois, os mesmos são os mais novos indicadores sociais e econômicos do país. Vejam que GINI aparece no lugar do IDH como referencial. Façam os comentários dos resultados. Forte abraço! 20/09/14. 

Escócia rejeita independência; Cameron reforça promessa de mais autonomia

Posted by João Luis

Em referendo histórico, 55% dos escoceses votaram contra a independência do país em relação ao Reino Unido. Mais de 3,6 milhões, dos 4,3 milhões de eleitores registrados, compareceram às urnas, um recorde em relação a todas as eleições já realizadas no Reino Unido desde o sufrágio universal, em 1918.
A campanha "Sim, Escócia" - a favor da independência - ganhou em cidades importantes como Glasglow (53%), Dunbartonshire (54%), Dundee (57%) e North Lanarkshire (51%). A campanha "Melhor Juntos" - que defendeu a continuidade da união - venceu em 26 regiões, incluindo a capital, Edimburgo (61%).
A votação foi concluída às 22h (18h no Brasil) dessa quinta-feira (18), e a apuração avançou pela madrugada. Por volta das 5h (1h no Brasil), com a maioria dos votos contabilizados, já era possível prever o resultado. Militantes pró-independência, que fizeram nos últimos quatro meses uma das mais apaixonadas campanhas já vistas no Reino Unido, demonstraram sua frustração em diversas partes da Escócia. Muitos pareciam não acreditar nos números. Alguns choraram.
O primeiro-ministro escocês, Alex Salmond, principal líder da campanha separatista, foi o primeiro a se manifestar. Em discurso emocionado, agradeceu a 1,6 milhão de pessoas que votaram a favor da independência e pediu que eles aceitem o veredito democrático. Salmond disse esperar que o governo britânico cumpra rapidamente suas promessas de garantir mais poderes ao povo escocês.

Logo que os resultados foram oficialmente declarados, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, fez um discurso aos cidadãos. Ele destacou que, com o referendo, a questão da independência foi decidida por uma geração. Cameron reforçou as promessas de mais autonomia ao Parlamento escocês sobre impostos, gastos e serviços públicos. “Os três principais partidos a favor da união assumiram o compromisso de garantir mais poderes ao Parlamento. Vamos garantir que esses compromissos sejam honrados em sua totalidade”, declarou. O primeiro-ministro planeja encaminhar um projeto de lei sobre o tema até janeiro do ano que vem.
A vontade do separatismo não foi maior que o medo de caminhar sozinho. A busca por mais poderes no parlamento pode ser alcançada pelo receio do ingleses de futuros plebiscitos para saída  do Reino Unido. Agora é aguardarmos os próximos capítulos da trama. A tradição venceu o protagonismo? Post e comente a temática. 20/09/14.

OMS diz que intervenções convencionais não estão contendo ebola na Libéria

Posted by João Luis

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou uma nova avaliação da epidemia de ebola na África. De acordo com o texto desta segunda-feira (8), intervenções convencionais de controle na Libéria não estão alcançando o impacto necessário para controlar o surto. A forma convencional de lidar com a doença estaria se mostrando eficiente somente em locais de transmissão limitada, principalmente na Nigéria, em Senegal e na República Democrática do Congo. No mais recente relatório sobre os avanços da epidemia, divulgado na última sexta (5), 3.944 pessoas já tinham sido infectadas pelo vírus e 2.097 teriam morrido em decorrência do ebola. Só nos últimos 21 dias, 45% dos casos e 43% das mortes teriam acontecido. Ainda de acordo com o relatório, a taxa de mortalidade estaria em 53%.
De acordo com a OMS, nas últimas semanas uma equipe de especialistas da instituição estava trabalhando junto com o governo da Libéria e com os órgãos de saúde locais para avaliar a situação no país, onde a transmissão do vírus é forte e a quantidade de novos casos vem aumentando de modo exponencial. A conclusão foi a de que as demandas geradas pela epidemia no país já superaram completamente a capacidade de resposta por parte do governo e dos parceiros – dos 15 condados que constituem o país, 14 já apresentam casos do vírus.
Uma das coisas que estaria sendo um grande desafio no país era a própria perda de profissionais da saúde. Na Libéria, 152 profissionais da área foram infectados e 79 morreram. As perdas de profissionais atuando no sistema de saúde acaba sendo ainda mais grave quando se leva em conta que, segundo a OMS, o país tinha apenas um médico para cada 100 mil habitantes, em um país de 4,4 milhões de pessoas. A taxa de letalidade por conta do vírus na Libéria também é mais alta que o índice geral, atingindo 58% de óbitos em decorrência do ebola.
A Libéria tem os maiores números totais de mortes e infectados dentre todos os países infectados pelo vírus – cerca de 2 mil casos foram notificados no país e mais de mil pessoas morreram. Nas próximas três semanas, ainda são esperados um número considerável de novos casos no país, como já havia sido alertado recentemente pela OMS.
Sobre o quadro geral do surto, os países de transmissão intensa continuam sendo Guiné, Libéria e Serra Leoa – Nigéria e Senegal continuam sendo classificados como países de transmissão localizada, de acordo com a OMS. Nas últimas três semanas os casos têm aumentado de forma intensa nos três países, tanto nos centros urbanos quanto nas capitais. A OMS reforça a necessidade de reforças medidas de controle nesses países.
Na Guiné, 100 novos casos foram identificados na última semana. Em Serra Leoa, a taxa de contaminação segue elevada também, com cerca de 150 novos casos por semana. A Libéria, mais afetado dentre todos os países, apresentou mais de 200 casos por semana nas últimas três semanas. Além disso, o relatório da OMS emitido na última sexta-feira aponta para o fato de que a epidemia continua se expandindo geograficamente dentro destes três países, apesar de cerca de 80% dos casos continuar concentrado em zonas específicas. O país com maior taxa de mortalidade é a Guiné, com 64% de óbitos e a menor taxa foi identificada em Serra Leoa, com 39% de mortes por ebola.
Avaliação da Libéria
A avaliação da OMS foi resultado de um processo investigativo que aconteceu no condado de Montserrado, o mais populoso do país africano, onde vivem quase 1,2 milhões de pessoas. A conclusão foi a de que mil novos leitos são necessários com urgência para o tratamento de infectados no país. Atualmente, somente 240 leitos estariam disponíveis e apenas mais 260 estão previstos de serem disponibilizados. Ou seja: as perspectivas indicam que nas próximas semanas e meses, o país só terá como suprir 50% das demandas urgentes oriundas da epidemia.
A OMS chegou a apontar que o único hospital de referência na Libéria é o John F Kennedy Medical Center, que foi em grande parte destruído durante a guerra civil do país e que ainda hoje sofre com os reflexos. No condado está também a favela West Point, que não possui saneamento ou água corrente e onde o acesso à eletricidade é praticamente inexistente.
Post e comente a temática! 09/09/14.