Bolivianos mantêm intensos protestos contra estrada na Amazônia

Posted by João Luis

Mesmo após a queda de dois ministros e a suspensão das obras de uma polêmica estrada que deve cortar uma reserva indígena em áreas amazônicas, centenas de bolivianos saíram às ruas nesta quarta-feira (28) e grupos de índios disseram que devem retomar sua marcha de protesto. Na capital, La Paz, mineiros lançaram dinamites e a polícia agiu para conter os manifestantes, no que já se transformou numa das maiores crises enfrentadas pelo presidente Evo Morales.

Os índios amazônicos bolivianos anunciaram nesta quarta-feira que irão retomar a marcha até La Paz contra a construção da rodovia, reafirmando um desafio político que abalou a liderança do governo boliviano.


Jorge Bernal/France Presse
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Manifestante usando máscara de Evo Morales empunha cartaz em La Paz que adverte: "estrada ou morte"

Construída pela empreiteira brasileira OAS com financiamento do BNDES, a estrada, que tem 306 km e atravessa uma reserva natural em áreas amazônicas de 1,2 milhão de hectares, deve custar US$ 415 milhões.

Os indígenas amazônicos, que rejeitam a estrada porque a obra atravessará o Território Indígena Parque Nacional Isiboro Sécure (Tipnis), argumentam que a obra pode levar à ruína da reserva ecológica e à invasão da área por produtores de coca, planta base para fabricar cocaína.

O ápice da crise, após 40 dias de intensos protestos de indígenas, militantes e civis por todo o país, ocorreu no domingo (25), quando o governo ordenou uma violenta ação policial --usando gás lacrimogêneo e cassetetes-- para conter cerca de 1.500 manifestantes.

Aizar Raldes/France Presse
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Moradores de Rurrenabaque marcham em protesto contra polêmica estrada; cartaz diz: "governo caçador de indígenas"

Dois ministros e vários outros funcionários deixaram o governo desde o início da semana por causa da violenta ação policial.

Os índios, fortalecidos por uma onda nacional de solidariedade, incluindo uma greve parcial convocada pela Central Operária Boliviana (COB), declararam nesta quarta-feira em uma manifestação na localidade de Rurrenabaque, no norte do país, que "a luta continua."

"Viva a histórica marcha pelo Tipnis, a marcha continua", disse uma resolução dos aproximadamente 200 indígenas presentes na assembleia, lida pela dirigente Mariana Guasanía.

Diante da resistência ao projeto, Morales, que também é indígena, anunciou que o projeto ficará suspenso até que moradores das regiões afetadas se manifestem em referendo.

Inicialmente, os manifestantes exigiam ser consultados sobre o projeto, mas a nova demanda dos grupos diz que agora eles rejeitam o referendo e querem uma lei que garanta a preservação do Tipnis. O texto não diz quando a marcha até La Paz será retomada.

INVESTIGAÇÃO

Guasanía disse que os manifestantes exigem também uma investigação imparcial sobre a repressão policial de domingo, que atribuíram a Sacha Llorenti, que por causa do incidente renunciou na segunda-feira ao cargo de ministro do Interior (Casa Civil).

A ministra da Defesa de Morales, Cecilia Chacón, também pediu demissão em protesto contra a violência policial.

Gaston Brito/Reuters
Nas ruas de La Paz, polícia agiu para conter manifestantes e mineiros lançaram dinamites durante intensos protestos
Nas ruas de La Paz, polícia agiu para conter manifestantes e mineiros lançaram dinamites durante intensos protestos

A dirigente indígena disse que não há mortes confirmadas por causa do incidente, mas que dezenas de pessoas estão desaparecidas.

Ao dar posse a novos ministros na noite de terça-feira, Morales pediu desculpas aos índios pela "imperdoável brutalidade" policial, negou ter ordenado a intervenção, e acusou vários meios locais de comunicação de distorcerem os fatos, especialmente ao noticiarem que havia vários mortos no local.

Morales, primeiro indígena a governar a Bolívia, enfrentava até agora uma dura oposição de setores conservadores, especialmente do leste do país. Esta é a primeira vez que a resistência ao seu governo parte de grupos indígenas.

BRASIL

O Itamaraty defendeu a obra, na segunda-feira, dizendo tratar-se de uma estrada importante para a integração boliviana.

"(...) Se trata de projeto de grande importância para a integração nacional da Bolívia e que atende aos parâmetros relativos a impacto social e ambiental previstos na legislação boliviana", afirma trecho do comunicado.


Jorge Bernal/France Presse
Centenas de trabalhadores aderiram à greve geral convocada para esta quarta-feira na capital da Bolívia
Centenas de trabalhadores aderiram à greve geral convocada para esta quarta-feira na capital da Bolívia

Já a empreiteira brasileira OAS, construtora da estrada, disse nesta terça-feira (27) que confia que o governo local chegará a um acordo com as comunidades indígenas.

"Confiamos no governo pluricultural da Bolívia, na origem indígena do presidente Morales, que foi o primeiro a reconhecer os direitos dos índios, para que se chegue a um acordo sobre o melhor traçado dessa parte da rodovia", declarou o diretor superintendente da Área Internacional da OAS, César Uzeda.

O interesse brasileiro na obra reside na saída da produção de grãos, principalmente da soja, do Brasil para o Pacífico através da Bolívia. Agora é hora do presidente da Bolívia mostrar sua coerência política, por ter origem indígena, e negociar com os seus semelhantes, que é maioria no seu país. Post e comente a respeito da temática! 29/09/11

Região onde nasce o rio Amazonas pode virar área protegida no Peru

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Os expedicionários que encontraram a nascente do rio Amazonas na cordilheira de Chila, no sul do Peru, em 1996, vão formalizar uma proposta para que a região seja declarada área natural protegida peruana. O objetivo, anunciaram em entrevista à imprensa nesta quinta-feira, é preservá-la da mineração.

A expedição Amazon Source 96 localizou a origem do rio Amazonas no desfiladeiro de Apacheta, a mais de 5.000 metros de altura. O grupo era chefiado pelo investigador polonês Jacek Palkiewicz e tinha integrantes da Sociedade Geográfica de Lima.

Jorge Araújo/Folha Imagem
Floresta na região do rio Negro, um dos principais afluentes do Amazonas; área protegida será de 47,5 mil hectares
Floresta na região do rio Negro, um dos principais afluentes do Amazonas; área protegida será de 47,5 mil hectares

O presidente da Sociedade, Zaniel Novoa, disse que neste ano entregará considerações técnicas às autoridades da província de Caylloma, e do governo regional de Arequipa, onde Apacheta está localizado, para que eles façam a solicitação formal ao governo central.

O estudo técnico deve conter argumentos de importância geográfica e cultural, e falar da necessidade de preservar a área da atividade mineradora, considerou Novoa.

Para ele, a declaração de área protegida "se justifica porque representa a origem do maior rio do planeta e do maior sistema hidrográfico do mundo".

As autoridades de Caylloma esperam que o estado declare como área natural de proteção um terreno de 47,5 mil hectares, com um conjunto de nevados da cordilheira Chila, lombadas, vales glaciais e lagoas.

Os representantes da mineradora Bateas, filial da canadense Fortuna Silver Mines, que tem lotes nos arredores, afirmaram que não explorarão a área depois que a situação do local for definida.

Palkiewicz lembrou que sua pesquisa foi confirmada no ano passado com a informação do satélite coreano KOMPSAT-2, que verificou a ausência de saída de água na lagoa ao pé do nevado de Mismi, uma teoria sobre a origem do rio Amazonas defendida pela revista "National Geografic".

Os expedicionários visitaram a região no último fim de semana, para participar da inauguração de um monumento que marca o início do rio Amazonas no desfiladeiro de Apacheta, organizada pelas comunidades camponesas do local.

Novoa também acredita que a declaração de área protegida permitirá aos habitantes locais, dedicados atualmente à pecuária, se incorporem à atividade turística, já que o lugar deve fazer parte do circuito de visitas estrangeiras.

Ótima medida. É necessário que o mundo entenda, que nem tudo pode ser utilizado para fins econômicos e predatórios. O turismo é um segmento que cresce em todo o mundo, particularmente o ecológico. Finalmente uma boa iniciativa. Post e comente a respeito da temática! 29/09/11

Em discurso, Dilma defende a adesão do Estado palestino à ONU

Posted by João Luis

A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quarta-feira que "chegou a hora" de um Estado palestino se converter em membro pleno das Nações Unidas, ao inaugurar a 66ª sessão da Assembleia Geral da ONU.


"Chegou o momento de ter representada a Palestina a pleno título", afirmou Dilma, deixando clara a posição do Brasil em meio a intensas negociações para evitar uma crise diplomática pelo pedido de adesão dos palestinos à ONU.




A presidente <span class=
Dilma Rousseff durante discurso na Assembleia da ONU
A presidente Dilma Rousseff durante discurso na Assembleia da ONU; ela defende Estado palestino

Segundo a presidente, o reconhecimento do Estado palestino ajudará a obter uma "paz duradoura no Oriente Médio" e "apenas uma Palestina livre e soberana" poderá atender aos pedidos de Israel por segurança.

"Venho de um país onde árabes e judeus são compatriotas", completou. Ouviram-se aplausos na sala de reunião da assembleia.

Por tradição, o Brasil inaugura os debates anuais da Assembleia Geral da ONU, e por isso Dilma foi a primeira chefe de Estado a falar na tribuna ante os líderes mundiais reunidos em Nova York, antes do presidente americano, Barack Obama. Essa também foi a primeira vez que uma mulher abriu a sessão, o que foi lembrado por Dilma.

"Pela primeira vez, na história das Nações Unidas, uma voz feminina inaugura o debate geral. É a voz da democracia e da igualdade se ampliando nesta tribuna que tem o compromisso de ser a mais representativa do mundo."

"Tenho a certeza que este será o século das mulheres", acrescentou.

Além de Dilma e Obama, devem falar ao longo da manhã os presidentes do México, Felipe Calderón, da França, Nicolas Sarkozy, da Argentina, Cristina Kirchner, e da Colômbia, José Manuel Santos.

CRISE

Dilma alertou ainda que a crise econômica pode provocar uma "grave ruptura social e política" no mundo e pediu unidade para sair dela.

A crise econômica pode se transformar numa "grave ruptura política e social", afirmou Dilma, acrescentando que o mundo se encontra numa situação "extremamente delicada" e ante uma "grande oportunidade histórica".

"Ou nos unimos todos e saímos vencedores ou saímos todos derrotados", continuou.

Rousseff disse ainda que já não interessa buscar responsáveis para a crise, e sim encontrar "soluções coletivas" e propôs "uma nova cooperação" entre os países desenvolvidos e emergentes.

"O Brasil está fazendo a sua parte. Com sacrifício, mas com discernimento, mantemos os gastos do governo sob rigoroso controle, a ponto de gerar vultoso superávit nas contas públicas, sem que isso comprometa o êxito das políticas sociais, nem nosso ritmo de investimento e de crescimento", afirmou Dilma.

Tudo indica que a presidente Dilma retoma a posição estratégica do Brasil no cenário internacional. Pode ser um indicativo de uma retomada do país na busca de uma cadeira permanente no CS da ONU. Seria o momento oportuno para resgatar o reconhecimento do Estado Palestino? Uma vez reconhecido, Israel passaria a negociar a cessão de territórios ocupados desde a guerra fria? Post e comente a respeito da temática! 21/09/11


Aquecimento do mar na Europa aumenta número de peixes

Posted by João Luis


O aquecimento do mar causado pelas mudanças climáticas pode ser benéfico para algumas espécies de peixes e negativo para outras. É isso que mostra um trabalho publicado nesta sexta-feira na revista "Current Biology".

Cientistas britânicos analisaram a evolução da população de peixes no nordeste do oceano Atlântico (na Europa), a partir de uma revisão de onze estudos publicados.

Os dados mostram que pelo menos 72% das espécies da região sofreram alterações populacionais significativas.

Dessas, três em cada quatro tiveram aumento da quantidade com o aquecimento nas últimas três décadas. As outras tiveram redução.

"As espécies mais ao sul, adaptadas às águas quentes, estão se ajustando melhor do que os peixes que habitam o norte", disse Stephen Simpson, da Universidade de Bristol, no Reino Unido.

Um exemplo é o bacalhau, peixe amante do frio: sua população caiu pela metade nas últimas três décadas.

O nordeste do Atlântico, que reúne cerca de 100 milhões de peixes, segundo estimativas, tem sido descrito como um "caldeirão das mudanças climáticas". Isso porque as elevações de temperatura na região podem chegar a quatro vezes a média mundial.

De acordo com Simpson, a temperatura das águas tem grande influência na maturação dos ovos dos peixes, no crescimento e na sobrevivência das larvas e na manutenção do fitoplâncton --camada de algas que é base da alimentação de muitas espécies.

Estamos vivendo uma mudança em escala global dos ecossistemas de diversas espécies, tanto da vida marinha, quanto continental. Será que a atividade pesqueira na Europa vai comemorar a entrada de novas espécies no cardápio da pesca oceânica? E as espécies tradicionais da região? Como ficam? Não vamos mais comer bacalhau da Noruega? post e comente a respeito da temática! 20/09/11

FMI reduz projeções de crescimento global; Brasil crescerá 3,8%

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O FMI (Fundo Monetário Internacional) baixou nesta terça-feira suas previsões para o crescimento da economia mundial, que se "debilitou consideravelmente" e que continuará sob ritmo lento, segundo divulgado no informe "World Economic Outlook" (Perspectivas Econômicas Mundiais, em tradução livre).

A instituição indicou que, se os dirigentes ocidentais mantiverem seu compromisso, o crescimento da economia mundial poderá alcançar 4% em 2011 e um valor similar em 2012. No entanto, EUA e Europa podem entrar em recessão se não tomarem as medidas necessárias.

O Ocidente é motivo de preocupação para o fundo. Em junho, as previsões de crescimento dos EUA foram fortemente rebaixadas, chegando a 1,5% em 2011 e 1,8% em 2012, e exortou as autoridades desse país a tomarem as medidas necessárias para reduzir a dívida pública e apoiar a recuperação. O crescimento da zona euro, por sua vez, foi fixado em 1,6% em 2011 contra os 2% que eram anteriormente previstos.

O crescimento mundial será impulsionado principalmente pelos países asiáticos em desenvolvimento, que podem crescer até 8,2% neste ano, e por outras economias emergentes.

O FMI prevê um "crescimento débil a curto prazo", não havendo previsão de melhoras até o início de 2012.

BRASIL

As perspectivas de crescimento para a economia do Brasil em 2011 com relação à previsão de junho foram rebaixadas em três décimos e a situou em 3,8%.

No relatório, o FMI manteve, no entanto, a previsão de crescimento da economia brasileira em 3,6% para 2012.

Apesar de, oficialmente, o governo brasileiro ainda manter a expectativa de crescimento de 4,5% para o PIB (Produto Interno Bruto) neste ano, a própria presidente Dilma Rousseff já declarou recentemente que o governo faria "um esforço para chegar a 4%, quatro e pouco (%)", segundo a BBC Brasil.

O Boletim Focus (levantamento semanal do Banco Central com base em consultas ao mercado) mais recente, divulgado na segunda-feira, havia reduzido pela sétima semana seguida as projeções de crescimento para o Brasil, passando de 3,56% para 3,52%.

Se as estimativas do FMI se confirmarem, o Brasil terá o segundo menor crescimento na América do Sul em 2011, sendo superado apenas pela Venezuela --cuja economia deve avançar 2,8%-- e abaixo da média da região, de 4,9%.

O aumento do PIB brasileiro será menor também que a média de 6,4% prevista para os emergentes e nações em desenvolvimento, e para o crescimento global, de 4%. Ainda assim, estará em um ritmo mais forte do que o previsto para economias desenvolvidas, de 1,6%

O FMI espera que a economia do país cumpra suas metas de inflação, reduzidas nas novas previsões para 6,6% em 2011 e situadas em 5,2% no próximo ano, avaliando como encorajador o anúncio do perto fiscal e o sinal de que o governo está comprometido com a meta de 4,5%. Apesar disso, afirmou ser necessário "esperar para ver" se o corte nos juros promovido está na direção certa.

Em seu relatório, o FMI admite que alguns emergentes interrompam o ciclo de aperto monetário até que tenha passado a incerteza econômica mundial.

Até abril, o fundo defendia o aperto em emergentes, como o Brasil, que, segundo ele, estavam superaquecidos. As novas turbulências, porém, podem levar a uma queda nas exportações e no fluxo de capitais, suavizando a demanda e puxando a inflação para baixo.

Com relação à taxa de desemprego no Brasil, o fundo prevê que seja elevada de 6,7% em 2011 para 7,5% em 2012.

AMÉRICA LATINA E CARIBE

A América Latina e o Caribe gozam ainda de perspectivas robustas e crescerão 4,5% em 2011 e 4% em 2012 graças às matérias-primas e a sua relativa resistência financeira, assegurou o informe do FMI.

O Fundo reduziu levemente suas previsões para a América Latina em relação a (4,6%), mas a região mantém um bom rumo em linhas gerais, apesar de com variações, segundo cada país.

"As condições financeiras se tornaram de certa maneira mais instáveis com o aumento da sincronização nos mercados mundiais e o aumento da aversão mundial (ao risco), mas o impacto na região foi limitado até agora", explica o documento.

Os exportadores de matérias-primas do Cone Sul conseguem os melhores indicadores: Argentina crescerá 8% este ano, Chile 6,5%, Paraguai 6,4%, Peru 6,2% e Uruguai 6%.

Em seguida está o principal motor econômico da região, o Brasil, com 3,8% de crescimento, a mesma taxa que o México. O Brasil deverá crescer 3,6% em 2012.

"Em outras regiões, incluindo a América Central e o Caribe, a atividade econômica ainda é tênue por causa dos vínculos reais mais estreitos com os Estados Unidos e outras economias avançadas e, em alguns casos, pelos altos níveis da dívida pública", advertiu o texto.

Depois de dois anos de contração, a Venezuela registrará uma cifra positiva, de 2,8% em 2011. A Colômbia crescerá 4,9%, o Equador 5,8% e a América Central em seu conjunto 3,9%.

EUROPA

As previsões de crescimento para a zona do euro neste ano é de 2% a 1,6%, e para 2012 de 1,7% a 1,1%, o que confirma a desaceleração do crescimento devido à crise da dívida soberana na Eurozona, segundo o relatório divulgado nesta terça-feira.

No relatório divulgado nesta terça, o Fundo prognosticou de 2% a 1,6% este ano e 1,7% a 1,1% em 2012, o que confirma a desaceleração do crescimento devido à crise da dívida na região.

"A Europa luta contra uma renovada volatilidade nos mercados e riscos crescentes de instabilidade financeira", afirma o FMI em suas previsões econômicas. O BCE (Banco Central Europeu) deverá baixar sua taxa básica se as ameaças continuarem, sugeriu.

E advertiu: "Se a crise da dívida nos países periféricos continua propagando-se nas economias dos países centrais da Europa (...) afundará a estabilidade financeira global"

"Depois de um primeiro trimestre com cifras animadoras, o crescimento da Eurozona caiu vertiginosamente no segundo trimestre de 2011, em parte devido à pressão dos altos preços das matérias-primas sobre as rendas reais e ao contínuo ajuste fiscal, mas também pelos efeitos da crise na confiança dos consumidores e empresários, inclusive nos países centrais europeus", escreve o documento.

"As turbulências financeiras atuais são um obstáculo para a atividade econômica ao provocar uma queda na confiança e o financiamento", acrescentou.

Apesar de as políticas fiscais previstas nas economias da Eurozona serem apropriadas, "serão necessárias mais reformas".

Neste sentido, o Banco Central Europeu (BCE) deve baixar sua taxa básica se persistirem as ameaças.

O BCE deverá continuar com suas intervenções "para conter a volatilidade nos mercados", ao menos até que os governos e parlamentos da Eurozona aprovem o acordo de 21 de julho.

"Reforçar o sistema financeiro continua sendo prioridade", enfatiza.

O mundo de uma maneira geral vive uma "recessão branca". O Brasil não é uma exceção ao processo vigente. A economia global precisa diminuir o ritmo da produção e verificar o equilíbrio entre a oferta x demanda. O neoliberalismo prega peças na sua auto regulação. É preciso políticas mais sérias na emissão de títulos públicos, que supostamente representam o tamanho da economia nacional. Caso contrário, vamos ficar ciclicamente vivendo crises conjunturais na economia. Post e comente a respeito da temática! 20/09/11

Berlusconi ataca S&P's após rebaixamento da nota da dívida italiana

Posted by João Luis

O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, reagiu nesta terça-feira ao rebaixamento da nota da dívida italiana pela agência de rating S&P´s. O rebaixamento ocorrido ontem ameaça elevar a preocupação de contágio no cenário de dívida na zona do euro.

Berlusconi disse que o rebaixamento não reflete a realidade e que seu governo já estava tomando medidas para estimular o crescimento.

"As avaliações da Standard and Poor's parecem ditadas mais pelas histórias contadas pelos jornais do que pela realidade e parece ter sido influenciada por considerações políticas", afirmou Berlusconi em um comunicado.

Em sua conclusão, a S&P informa que "o rebaixamento reflete nossa visão de que a frágil coalizão que governa a Itália e as diferenças políticas dentro do Parlamento seguirão limitando a habilidade do governo para responder de forma decisiva aos desafios internos e ao entorno macroeconômico externo".

Por isso, o governo do premiê Silvio Berlusconi frisou em seu comunicado que "sempre obteve a confiança do Parlamento, demonstrando a solidez de sua maioria".

A nota do governo também ressalta que a "Itália aprovou recentemente intervenções que preveem o equilíbrio orçamentário em 2013 e que o governo projeta medidas a favor do crescimento, cujos frutos serão vistos já a curto ou médio prazo".

As conclusões da S&P fizeram com que na manhã desta terça-feira disparasse o prêmio de risco da Itália, medido pelo diferencial entre o bônus italiano a dez anos e o alemão de mesmo prazo, alcançando 399,3 pontos. Já a Bolsa de Milão abriu em baixa, com seu principal indicador, o FTSE MIB, perdendo 1,05%.

MEDIDAS

O governo de Berlusconi já toma medidas contra as agências de rating. Segundo publicou o jornal "The Guardian", no mês passado, a polícia italiana, sob ordem dos promotores, realizou diligências nos escritórios da Moody's e da Standard & Poor's, como parte da investigação do papel dessas agências na turbulência recente dos mercados financeiros.

Além da Itália, Espanha, Irlanda, Grécia, Portugal e Chipre tiveram sua nota da dívida rebaixada em 2011. A dívida do país, que aprovou um pacote de austeridade da semana passada, alcança o valor de 120% do PIB (Produto Interno Bruto).

REBAIXAMENTO

A S&P's reduziu ontem a nota da dívida da Itália, citando questões econômicas, fiscais e políticas. A agência de rating informou ter rebaixado a nota da dívida italiana de "A+/A-1+" para "A/A-1", e manteve sua perspectiva negativa.

Em comunicado, a S&P explicou que o corte reflete a fraqueza nas perspectivas de crescimento econômico da Itália, bem como a frágil coalizão do governo e as diferenças políticas dentro do Parlamento, que continuarão limitando a capacidade do governo para responder decisivamente aos desafios domésticos e externos, informou a agência.

"Em nossa opinião, as medidas incluídas e o cronograma de implementação do Plano de Reforma Nacional provavelmente farão pouco para melhorar a performance econômica da Itália, particularmente num cenário de condições financeiras mais apertadas e de programa de austeridade fiscal do governo", informou a S&P.

A medida da S&P surpreendeu o mercado, que pensava que a agência Moody's cortaria a nota da Itália antes.

MODDY´S

A Moody´s também anunciou na sexta-feira (16) que continua avaliando a possibilidade de rebaixar a nota da dívida da Itália, atualmente em "Aa2", e prevê o anúncio da decisão para outubro.

Há alguns meses, a agência anunciou que a nota estava em revisão para possível rebaixamento, mas desde então não voltou a se pronunciar.

"A Moody's tentará concluir a revisão durante o próximo mês", disse a empresa em comunicado, três meses depois de anunciar o início da revisão da nota italiana.

A nota da Itália --terceira maior economia da União Europeia-- está a dois degraus da nota AAA, a mais alta atribuída por essa agência.

A Moody's colocou a dívida italiana sob revisão para um possível rebaixamento em 17 de junho, mencionando a fragilidade estrutural de sua macroeconomia, o desafio de diminuir sua dívida soberana e as difíceis condições de financiamento enfrentadas pelas nações europeias fortemente endividadas.

A agência de classificação de risco afirmou que sua decisão deve-se "ao ambiente econômico e financeiro cada vez mais desafiante" e aos diversos acontecimentos políticos na zona do euro.

As notas de curto prazo da Itália continuam no nível mais alto.

ENTENDA

O "rating" é uma opinião sobre a capacidade de um país ou uma empresa saldar seus compromissos financeiros. A avaliação é feita por empresas especializadas, as agências de classificação de risco, que emitem notas, expressas na forma de letras e sinais aritméticos, que apontam para o maior ou menor risco de ocorrência de um "default", isto é, de suspensão de pagamentos.

As três agências de classificação de risco de maior visibilidade são a Standard & Poor's, a Moody's e a Fitch Ratings.

Arte Folha Online

As agências usam praticamente o mesmo sistema de letras e sinais. Assim, a melhor classificação que um país pode obter é Aaa (Moody's) ou AAA (Standard & Poor's) que, conceitualmente, significam "capacidade extremamente forte de atender compromissos financeiros".

Na ponta oposta, um título classificado como "C", para a S&P ou a Moody's, tem altíssimo risco de não ser pago.

"A taxa média de 'default' [moratória] entre 1970-2000 para títulos [classificados como] Aaa sobre um período de 10 anos foi de apenas 0,67", afirma a Moody's.

Fica evidente o medo das nações europeias diante da não credibilização pública das suas capacidades de endividamento. Onde a verdade fica? Nos institutos credenciados? Ou no governo italiano? Post e coemnte a respeito da temática! 20/09/11


BRASIL TERÁ FEIJÃO TRANSGÊNICO EM 2014

Posted by João Luis



A CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) aprovou ontem a primeira semente de feijão transgênico para cultivo no país. Ela deve estar disponível para o plantio em 2014.

Desenvolvida pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), a variedade transgênica é a primeira totalmente produzida por uma instituição pública.

O feijão geneticamente modificado é resistente ao vírus do mosaico dourado, um dos principais inimigos dos agricultores. Estima-se que essa praga provoque a perda de 90 mil a 280 mil toneladas de feijão por ano --o país produz 3,5 milhões de toneladas.

"Na média, a perda seria suficiente para alimentar 10 milhões de pessoas", diz Francisco Aragão, pesquisador da Embrapa e um dos responsáveis pelo projeto.

A nova tecnologia pode, portanto, resultar em maior oferta de feijão no país e oscilações menos bruscas de preço ao consumidor.

O feijão foi um dos vilões da inflação em 2010 e a previsão é que a alta se repita nos próximos meses.

A adoção da semente transgênica pelo agricultor também pode diminuir o número de aplicações de inseticidas, o que resultará em economia de custo e aumento na renda do produtor.

Segundo Aragão, a semente transgênica deve ser vendida por valor próximo ao da convencional, pois não haverá cobrança de royalties.

POLÊMICA

A CTNBio aprovou o feijão transgênico por 15 votos a favor, duas abstenções e cinco pedidos de diligência (necessidade de complementação). Mas o debate sobre o tema deve continuar acalorado.

Com posição contrária à liberação, Darci Frigo, coordenador da ONG Terra de Direitos, pretende levar o caso à Justiça Federal, pois considera que houve irregularidades no processo de aprovação.


"Não foram realizados testes suficientes para garantir a segurança do produto. Esse é um assunto sério, pois envolve a alimentação básica do brasileiro", afirma.

O Consea (Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional), órgão que assessora a Presidência da República, também se opõe à aprovação da semente.

"Não foi seguido o princípio da precaução, de que é melhor obter estudos mais avançados antes do plantio comercial", diz Renato Maluf, presidente do Consea.

Segundo Aragão, foram realizados testes de 2004 a 2010 em todos os ecossistemas onde o feijão comum é cultivado. "Temos convicção de que não há danos à saúde e também não identificamos diferenças nos fatores nutricionais mais importantes, como ferro e proteínas", diz.

Estamos virando ratos de laboratórios? Será que o mercado externo compraria o feijão OGMS? Qual a real intenção do manejo do feijão? Post e comente a respeito da temática! 16/09/11

AULA DE AGROPECUÁRIA 3º ANO OFICINA

Posted by João Luis

AGROPECUÁRIA 2011
13/09/11

Internet transformou a Al Qaeda em 'McDonalds do terror', diz especialista

Posted by João Luis

A rede terrorista Al Qaeda sempre teve em mente uma guerra global, muito além das montanhas do Afeganistão ou das áreas tribais do Paquistão. Com a ajuda dos recursos da internet, o grupo de combatentes se transformou em uma franquia de terroristas que protagonizam ataques diários em várias partes do mundo.

Esta é a avaliação de Gabriel Weimann, que coordena um estudo sobre a presença do terrorismo on-line, na Universidade de Haifa, em Israel. Os pesquisadores já identificaram 7.800 endereços de grupos terroristas, contra apenas doze no primeiro rastreamento, em 1998.

Weimann disse em entrevista exclusiva à Folha.com que os ataques de 11 de Setembro não seriam possíveis sem a internet, com a qual os terroristas pesquisaram rotas de voos, compraram passagens e descobriram até quantos passageiros estariam em cada um dos quatro aviões sequestrados.




Isralelense Gabriel Weimann coordena estudo sobre a presença dos grupos terroristas online
Isralelense Gabriel Weimann coordena estudo sobre a presença dos grupos terroristas online

O especialista diz ainda que a internet é usada pelos terroristas para falar com os mais diversos públicos, de recrutas ao público em geral, incluindo crianças.

"Eles se tornaram muito mais eficientes, muito mais inteligentes e sofisticados no uso da internet. Eles efetivamente se mudaram para o ciberespaço", disse Weimann, uma das maiores autoridades em terrorismo on-line.

Ele destaca ainda que a presença de terroristas no Brasil "não é apenas um pesadelo" e alerta que o país deve se conscientizar da importância desta ameaça, em especial durante a Olimpíada e a Copa do Mundo.

"Vocês já têm grandes grupos que, por enquanto, estão fazendo propaganda e arrecadando fundos, mas eles podem mudar para um nível mais perigoso de terrorismo."

Weimann veio ao Brasil a convite da Associação Brasileira de Amigos da Universidade de Haifa e realizará palestras abertas ao público em São Paulo, antes de seguir para Rio de Janeiro e Brasília. As informações estão no site da associação.

Leia a íntegra da entrevista:

Folha- A internet foi uma ferramenta importante para a organização dos ataques de 11 de Setembro?
Gabriel Weimann - Os ataques de 11/9 não seriam possíveis sem a internet. Eles usaram a internet para planejar os ataques, para coordená-los, para conseguir informação sobre os voos, para comprar passagens, para descobrir quantos passageiros havia no avião, para saber onde poderiam sentar.
Por exemplo, eles queriam que o avião estivesse cheio de gasolina. Você precisa do voo mais longo e que sai mais cedo. Como você faz isso? Você vai à internet e pesquisa rotas. Eles não queriam muitos passageiros, porque passageiros são um risco. Como você faz isso? Você faz uma reserva online e vê quantos assentos já foram comprados.

Como começou o investimento de terroristas como a Al Qaeda na internet?

Quando a Al Qaeda começou no Afeganistão, Osama bin Laden pensava em um ponto de partida. Ele pensava em uma guerra global e, para isso, você precisa de um exército, tecnologia e capacidade de comunicação globais. Por isso, desde o começo eles investem em tecnologia.
Com a internet, a Al Qaeda mudou de uma pequena base de combatentes lutando nas montanhas, nas cavernas, para uma grande afiliação de redes de todo o mundo, como uma franquia. Todos estes grupos são como um McDonalds gigante do terror, só que eles não vendem hambúrgueres e sim terrorismo, mortes, bombas e a guerra santa.
A Al Qaeda não controla diretamente todos os grupos, os combatentes na Somália e no Iêmen lutam suas próprias guerras, mas eles estão afiliados ao espírito da rede. E eles se comunicam pela internet. Todo dia, achamos novas comunicações.

(fo1c)..
Sites terroristas ensinam recrutas, entre outras táticas de ataque, a abater avião com mísseis
Sites terroristas ensinam recrutas, entre outras táticas de ataque, a abater avião com mísseis

Nestes últimos dez anos, como mudou a relação entre internet e o terrorismo?

Quando começamos este projeto, em 1998, havia 12 sites de grupos terroristas. Agora, nós estamos monitorando 7.800 sites, em 20 línguas.
Eles se tornaram muito mais eficientes, muito mais inteligentes e sofisticados no uso da internet. Eles efetivamente se mudaram para o ciberespaço. Toda a atividade em termos de propaganda, treinamento, ensinamentos, é feita online. Eles não usam apenas sites, mas fóruns, chats, Facebook e Twitter. Pense como um terrorista, se você quer mapas de qualquer lugar para planejar uma ação, você vai ao Google Earth e consegue serviço de satélite grátis. É o sonho de um terrorista, está tudo online. Eles aprenderam a tomar vantagem de qualquer ferramenta e avanço.

Como os terroristas usam as redes sociais?

No passado, os terroristas tinham sites e esperavam você chegar a eles, como um dono de uma loja que espera clientes entrarem. Com todas estas ferramentas, eles vão até você com o que chamamos de comunidades virtuais. [O contato nas redes] não começa com terrorismo suicida, violência, mortes, e bombas. Começa com mensagens sociais do tipo "venha até nós", "seja como nós", criam uma amizade, fazem você se sentir parte da comunidade. Só depois, eles mudam para conteúdo violento.

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Em um dos sites, uma imagem de uma mão colocando um cinto de explosivos em seu filho, incentivando o uso de crianças em ataques
Em um dos sites, uma imagem de uma mãe colocando um cinto de explosivos em seu filho

Como eles evitam ser descobertos?

É fácil fazer sem ser pego. Você não precisa de telefone, não precisa de computador e não precisa de um site. Você pode ir a uma universidade, a uma biblioteca, a lan houses. Você acessa em um e-mail com dados falsos ou cria uma conta no Facebook e posta sua mensagem. As forças de segurança podem encontrar a mensagem e até o computador, mas você não estará mais lá. Cinco minutos depois de postar, você estará longe e você nunca vai voltar. Você usa outro computador, em outra universidade. Eles sabem usar estes recursos.
O próprio Bin Laden era muito cuidadoso com a internet, ele nunca se conectava. Ele sabia que podia ser encontrado assim. Ele gravava diversas mensagens de áudios e vídeos, mas nunca postava as mensagens. Um mensageiro levava o material e postava em outro local. Nunca era feito diretamente por Bin Laden ou em sua casa.

Como fazer então para encontrá-los?

Há três coisas que se pode fazer. Uma é monitorar [estes sites], observar as mensagens e aprender a partir desta comunicação online. É uma fonte muito importante de informação sobre quem eles têm como alvo, que ações planejam, quem eles estão tentando seduzir.
A segunda opção é interferir. Você pode sabotar parte da informação, pode usá-la para tentar achar as pessoas que a postaram ou que estão acessando-a. Você pode até tentar atacar com vírus. Todo mundo que acessar ou baixar esta informação será afetado e você pode usar isso para rastreá-los.
A terceira opção, que é a mais difícil, é tirar o site do ar. É difícil porque eles podem voltar online em cinco minutos em um endereço mais bem protegido. Os governos tentaram no começo ir por esta opção. Não funcionou. O site da Al Qaeda foi destruído dezenas de vezes. Agora eles têm centenas de sites. Você tira um do ar, eles voltam com 50, você tira os 50, eles voltam com 500.

O combate ao terrorismo na internet também mudou nos últimos dez anos?

No passado, antes de 11/9, quando falávamos sobre nossas descobertas sobre o uso da internet por terrorismo, ninguém dava importância. Depois dos ataques, houve um interesse crescente, era até mais fácil conseguir fundos para pesquisa. As forças de segurança se tornaram muito conscientes dos riscos e da necessidade combatê-los no ambiente online.
O governo ficou mais sofisticado, mas ainda estamos atrás dos terroristas. Eles entram no Facebook e nós pensamos como fazer para impedir. Eles usam Google Earth e pensamos: "o que podemos fazer?". Os terroristas estão sempre respondendo, mudando. Este é o primeiro problema.
O segundo problema é que não há fronteiras no ciberespaço, é global. Se você não tem cooperação internacional, não vai adiantar. Você pode bloqueá-los no Brasil e eles vão para o Paraguai. Governos estão tentando cooperar, agências de todo o mundo estão se comunicando, mas é muito difícil organizar uma frente global contra o terrorismo.

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Site da Jihad Islâmica Palestina voltado especificamente para as mulheres
Site da Jihad Islâmica Palestina voltado especificamente para as mulheres

Uma das questões fundamentais da guerra ao terror é até que ponto se permite a violação da privacidade e dos direitos civis em troca de mais segurança. Como equilibrar esta luta na internet?

Este é um desafio porque o sacrifício é necessário. Por exemplo, no aeroporto, você é assediado. Eles abrem sua mala, tiram seu sapato, fazem perguntas. Mas você está disposto a abrir mão de sua privacidade, alguns de seus direitos, em troca de segurança. É um acordo. Mas este tipo de equilíbrio não foi feito online. Temos uma questão de quem pode fazer o quê. Se alguém pedir em um aeroporto que você corra pelado ao redor do prédio, você não vai fazer. Quem vai poder olhar nossos e-mails? Quem deve ter permissão de fazer o que online? Que agências podem agir online?
Não estou sugerindo que eles não têm direito de fazê-lo, principalmente se eles lutam por melhor segurança e para impedir ataques terroristas. Nós estamos dispostos a sacrificar parte de nossa privacidade, mas queremos saber as condições, queremos um acordo claro, como no aeroporto.

Há iniciativa dos governos de pensar estas questões?

Quase todas as nações democráticas são desafiadas por estas questões. Quão longe podemos ir? Quem vai estabelecer este limite? Eu acho que chegaremos a um estágio em que haverá algum tipo de limite acordado.

Estes sites também são usados para arrecadar fundos?

Sim, o terrorismo custa caro. Você precisa treinar pessoas, pagá-las, alimentá-las. Precisa comprar bombas, passagens de avião. Mesmo estes sites, é necessário dinheiro para mantê-los. No passado, havia sites com o número da conta para contribuições diretas ao Hamas e ao Hezbollah. Depois do 11/9, muitos governos foram atrás deste dinheiro para tentar evitar o financiamento e congelaram os bens. Os terroristas foram então à internet e criaram páginas falsas de promoção do bem-estar social, páginas que parecem ajudar instituições de ensino religioso, famílias pobres, crianças órfãs, mas que financiam os terroristas.

O sr. defende que a internet serve para que os grupos terroristas se comuniquem com diversos públicos...

Há diferentes audiências e elas falam línguas diferentes, retóricas diferentes com cada uma. Isto é o básico que se ensina nas faculdades de propaganda: aprenda qual é seu público alvo e tente fazer a mensagem combinar com ele.
Por exemplo, os Tigres Tâmeis [grupo rebelde separatista do Sri Lanka] tem um site inglês no qual o líder aparece de camisa branca, que é cheio de mapas, história, parece um site de universidade. Se você for ao site em tâmil, há sangue, violência e o mesmo líder em uniforme militar. Sites diferentes, para audiências diferentes. Retóricas diferentes, para audiências diferentes.

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Palestino Hamas usa sua versão do Mickey Mouse para convencer crianças de que o mundo deve ser comandado por islâmicos
Palestino Hamas usa sua versão do Mickey Mouse para convencer crianças de que o mundo deve ser comandado por islâmicos

Há inclusive sites para crianças...

Sim, e são crianças muito novas, de quatro ou cinco anos. Elas são o futuro. Os grupos terroristas se veem em uma guerra global de longo prazo, que não será resolvida em dez anos, e por isso pensam nas próximas gerações.
As crianças são também mais inocentes, mais fáceis de seduzir. Digamos que você queira vender tênis para crianças. Você usa cores, jogos, vídeos, histórias, desenhos, personagens. A estratégia é a mesma com terrorismo. O Hamas usou até mesmo o Mickey Mouse em seus sites.
Eles começam como um jogo de computar e lentamente os fazem assistir material terrorista. Um dos sites do Hamas para crianças insere uma imagem da cabeça decepada de uma mulher que se explodiu em um ataque e diz que ela é uma heroína, que se sacrificou pela causa.
Ou até algo mais sutil. Por exemplo, o jogo é de matar os inimigos. Mas quem é o inimigo? Pode ser o presidente [George W.] Bush, pode ser primeiro-ministro do Reino Unido. Eles legitimam o uso da violência e te dizem quem é o inimigo.

Você fala de um amplo uso da internet para comunicação e coordenação de ataques, mas não há registros de ataques de hackers ligados a estes grupos, por que?

Ciberterrorismo exige profissionais. Ter um site, ter um perfil no Facebook, qualquer um pode fazer. Mas invadir o sistema de uma usina nuclear, assumir o sistema de tráfico aéreo de um país, exige alguém com maior conhecimento. Até agora, os terroristas estão mais ativos na internet de um jeito mais "normal", com os recursos que a maioria das pessoas usam. Mas eles estão pensando em ciberterrorismo e nós sabemos disso porque nós seguimos sua comunicação. Eles pensam nisso, eles tentam recrutar pessoas com este perfil de computação, mas ainda não têm especialistas. Por enquanto, a maioria dos hackers que vemos não tem nenhuma filiação com terrorismo, mas pode chegar o dia em que eles aceitem trabalhar para estes grupos, seja por afinidade, seja por dinheiro.
Ciberterrorismo agora é como uma nuvem cinzenta no céu. Você vê ela lá, mas não sabe quando vai chegar até você, se vai ser em horas ou dias.

Nós vemos muitos grupos de vigilantes não associados a governos que monitoram o terrorismo na internet. Como o sr. avalia este trabalho?

Alguns fazem isso como um negócio, para vender as informações. Outros fazem por motivos ideológicos, em um esforço para proteger o país do terrorismo. Eles fazem um bom trabalho, mas não é suficiente. Eles acompanham um número muito limitado de páginas e perfis associados ao terrorismo.

Uma das consequências do amplo uso da internet, é que o público geral tem acesso a mensagens terroristas, como áudios, vídeos, comunicados. Qual a consequência disso para a propaganda terrorista?

É um esforço de propaganda, no qual eles tentam dar a sua interpretação dos fatos e tentam convencer que a jihad está ganhando.

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Ameaçado pela Disney, Hamas decide "matar" o Mickey, chamado localmente de Farfur, em ação perpetrada por um israelense
Ameaçado pela Disney, Hamas decide "matar" o Mickey (chamado lá de Farfur) em ação perpetrada por um israelense

Qual a influência do terrorismo no Brasil?

Não é uma teoria, já há terroristas no Brasil e vocês sabem seus nomes. Não é apenas um pesadelo de que talvez um dia o terrorismo possa chegar. Vocês já tem grandes grupos que, por enquanto, estão fazendo propaganda e arrecadando fundos, mas eles podem mudar para um nível mais perigoso de terrorismo.

O que há no Brasil que atrai os terroristas?

Primeiro, o Brasil se tornou um grande Estado na economia e política internacional e se você atinge um importante ator internacional, você consegue atenção, publicidade.
Segundo, o Brasil tem minorias e desigualdades sociais. É assim que os terroristas recrutam nos EUA e no Reino Unido, procurando comunidades que são pobres e não estão bem integradas.
Terceiro, vocês vão sediar a Copa do Mundo e a Olimpíada, dois eventos mundiais de grande porte, um alvo ideal dos terroristas.
Finalmente, talvez porque Brasil não está acostumado com terrorismo, ele é um dos mais liberais com a internet. O Brasil não está preocupado com terrorismo online e não está agindo contra ele.

O que o Brasil pode fazer para enfrentar o terrorismo?

Pode aprender da experiência de outros países, não precisa inventar nada. As forças de segurança do Brasil devem se conscientizar desta ameaça e de como se prepara para ela. Apenas monitorando a atividade terrorista, por exemplo, você pode aprender muito e inclusive descobrir quais são os alvos preferenciais.

Adaptado da folha de São Paulo.

Post e comente a respeito da temática! 10/09/11