O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmou nesta segunda-feira que a
OEA (Organização dos Estados Americanos) deve acabar se não há mudanças
em sua composição, após a aprovação da Carta Social das Américas em
reunião da Assembleia Geral da Entidade, em Cochabamba, na Bolívia.
Chávez apoiou a criação de mecanismos de unidade latino-americanos, como
a Alba (Alternativa Bolivariana para as Américas) e a Unasul (União das
Nações Sul-Americanas). "Se não há mudanças lá, temos que acabar com a
OEA".
"Para que serve a OEA?", continuou o governante, que apareceu na TV
caminhando pelos corredores do Palácio Miraflores (sede de governo
venezuelano) no meio da transmissão das conclusões de um conselho de
ministros.
Nesse mesmo contexto, perguntou-se: "E para que a CIDH?", em alusão à
Comissão Interamericana de Direitos Humanos, vinculada à OEA. "Vamos
criar nossos mecanismos nesses espaços geopolíticos de unidade, de
integração que estão surgindo", acrescentou Chávez, que acusou Estados
Unidos e Canadá de estarem "tentando bloquear as mudanças" emergentes na
América Latina.
As declarações do presidente venezuelano vêm no mesmo dia em que o
presidente do Equador, Rafael Correa, fez duras críticas à OEA, às ONGs
internacionais e à imprensa latino-americana no encontro de Cochabamba. O
mandatário era o único chefe de Estado presente à reunião, além do
anfitrião Evo Morales.
O líder equatoriano acusou a imprensa de manipular, mentir e injuriar
reiteradamente e criticou a própria OEA, além de investir contra as ONGs
dos países desenvolvidos e contra os que "satanizam" os Estados e a
política pública.
REVOLUÇÃO
Correa disse que instituições como a OEA e a CIDH devem "passar por uma
revolução ou desaparecer" para se adequar às mudanças políticas na
região, enquanto os EUA e outros países pedem tempo para negociar essas
reformas.
Segundo o líder do Equador, os "processos revolucionários da América
Latina" estão "mudando a relação de poderes em função das maiorias",
para acabar com Estados que ele chamou de burgueses e falsos.
Seu discurso foi anunciado como "surpresa" pelo chanceler boliviano,
David Choquehuanca, mas Evo Morales o convidou publicamente na semana
passada para expor à Assembleia de ministros suas queixas sobre o
sistema interamericano de direitos humanos.
Ele acusou a OEA de ineficácia ante situações "coloniais" como a das
ilhas Malvinas --cuja soberania é reivindicada pela Argentina ao Reino
Unido-- e o embargo dos Estados Unidos a Cuba.
Correa disse que o líder cubano Fidel Castro teve razão quando chamou a
OEA de "Ministério de Colônias" dos Estados Unidos, mas ressaltou que
não se tratava de uma crítica ao atual secretário-geral da organização, o
chileno José Miguel Insulza, sentado a seu lado.
DIREITOS HUMANOS
O líder dedicou boa parte de seu discurso de uma hora para criticar as
ONGs de países desenvolvidos. Ele as definiu como organismos
influenciados por países hegemônicos e pelo grande capital, começando
pelos "monopólios" da comunicação.
O presidente ainda acusou a CIDH de operar como uma dessas ONGs e
considerou "aberrante" o fato de a sede da Comissão ser em Washington,
enquanto os EUA não assinaram a Convenção Interamericana de Direitos
Humanos.
Correa reconheceu o valor histórico da CIDH na luta contra as ditaduras
militares da América Latina, mas agora que esses países, segundo ele,
"são governados por democratas", a entidade os trata "pior que com os
regimes ditatoriais".
Em suas palavras, "no âmbito dos direitos, vive-se a satanização do
Estado e da política pública", por essas ONGs que, "por mais que se
definam como sem fins lucrativos, têm interesses muito claros".
Hora e vez da OEA B, Post e comente a respeito da temática! 05/06/12
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