A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou uma nova avaliação da epidemia de ebola na África. De acordo com o texto desta segunda-feira (8), intervenções convencionais de controle na Libéria não estão alcançando o impacto necessário para controlar o surto. A forma convencional de lidar com a doença estaria se mostrando eficiente somente em locais de transmissão limitada, principalmente na Nigéria, em Senegal e na República Democrática do Congo. No mais recente relatório sobre os avanços da epidemia, divulgado na última sexta (5), 3.944 pessoas já tinham sido infectadas pelo vírus e 2.097 teriam morrido em decorrência do ebola. Só nos últimos 21 dias, 45% dos casos e 43% das mortes teriam acontecido. Ainda de acordo com o relatório, a taxa de mortalidade estaria em 53%.
De acordo com a OMS, nas últimas semanas uma equipe de especialistas da instituição estava trabalhando junto com o governo da Libéria e com os órgãos de saúde locais para avaliar a situação no país, onde a transmissão do vírus é forte e a quantidade de novos casos vem aumentando de modo exponencial. A conclusão foi a de que as demandas geradas pela epidemia no país já superaram completamente a capacidade de resposta por parte do governo e dos parceiros – dos 15 condados que constituem o país, 14 já apresentam casos do vírus.
Uma das coisas que estaria sendo um grande desafio no país era a própria perda de profissionais da saúde. Na Libéria, 152 profissionais da área foram infectados e 79 morreram. As perdas de profissionais atuando no sistema de saúde acaba sendo ainda mais grave quando se leva em conta que, segundo a OMS, o país tinha apenas um médico para cada 100 mil habitantes, em um país de 4,4 milhões de pessoas. A taxa de letalidade por conta do vírus na Libéria também é mais alta que o índice geral, atingindo 58% de óbitos em decorrência do ebola.
A Libéria tem os maiores números totais de mortes e infectados dentre todos os países infectados pelo vírus – cerca de 2 mil casos foram notificados no país e mais de mil pessoas morreram. Nas próximas três semanas, ainda são esperados um número considerável de novos casos no país, como já havia sido alertado recentemente pela OMS.
Sobre o quadro geral do surto, os países de transmissão intensa continuam sendo Guiné, Libéria e Serra Leoa – Nigéria e Senegal continuam sendo classificados como países de transmissão localizada, de acordo com a OMS. Nas últimas três semanas os casos têm aumentado de forma intensa nos três países, tanto nos centros urbanos quanto nas capitais. A OMS reforça a necessidade de reforças medidas de controle nesses países.
Na Guiné, 100 novos casos foram identificados na última semana. Em Serra Leoa, a taxa de contaminação segue elevada também, com cerca de 150 novos casos por semana. A Libéria, mais afetado dentre todos os países, apresentou mais de 200 casos por semana nas últimas três semanas. Além disso, o relatório da OMS emitido na última sexta-feira aponta para o fato de que a epidemia continua se expandindo geograficamente dentro destes três países, apesar de cerca de 80% dos casos continuar concentrado em zonas específicas. O país com maior taxa de mortalidade é a Guiné, com 64% de óbitos e a menor taxa foi identificada em Serra Leoa, com 39% de mortes por ebola.
Avaliação da Libéria
A avaliação da OMS foi resultado de um processo investigativo que aconteceu no condado de Montserrado, o mais populoso do país africano, onde vivem quase 1,2 milhões de pessoas. A conclusão foi a de que mil novos leitos são necessários com urgência para o tratamento de infectados no país. Atualmente, somente 240 leitos estariam disponíveis e apenas mais 260 estão previstos de serem disponibilizados. Ou seja: as perspectivas indicam que nas próximas semanas e meses, o país só terá como suprir 50% das demandas urgentes oriundas da epidemia.
A OMS chegou a apontar que o único hospital de referência na Libéria é o John F Kennedy Medical Center, que foi em grande parte destruído durante a guerra civil do país e que ainda hoje sofre com os reflexos. No condado está também a favela West Point, que não possui saneamento ou água corrente e onde o acesso à eletricidade é praticamente inexistente.
Post e comente a temática! 09/09/14.
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