O socialista François Hollande conquistou neste domingo o primeiro
turno da eleição presidencial na França, marcado pelo índice
surpreendente de votos conquistados pela candidata da extrema-direita,
Marine Le Pen --mais de 18%-- segundo as pesquisas.
Hollande enfretará Nicolas Sarkozy no segundo turno, em 6 de maio. O
socialista deve contar com os votos da esquerda radical e dos
ecologistas, enquanto a reserva de votos do atual presidente parece ser
menor.
Segundo os resultados quase definitivos divulgados pelo Ministério do
Interior, com quase 99% da apuração, o candidato socialista obteve
28,56% dos votos à frente de Nicolas Sarkozy (27,07%), que perdeu a
aposta de levar o primeiro turno, para estabelecer uma nova dinâmica
para o segundo.
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Sarkozy e Hollande votam na França; candidatos deverão participar de segundo turno em maio |
A candidata da extrema-direita, Marine Le Pen, chega em terceiro lugar,
com 18,12%, seguida pelo representante da esquerda radical Jean-Luc
Mélenchon (11,10%) e do centrista François Bayrou (9,11%).
PESQUISAS APONTAM VITÓRIA DE HOLLANDE
Segundo duas pesquisas realizadas no calor da noite eleitoral pelos
institutos Ipsos e Ifop, com as quais é preciso ter precaução, François
Hollande vencerá a eleição presidencial com 54% ou 54,5% dos votos
contra 46% ou 45,5% de Nicolas Sarkozy.
"Estou confiante", declarou o vencedor do primeiro turno,
considerando-se "candidato da união" e "aquele em melhor posição para se
tornar o próximo presidente da República". "A Frente Nacional nunca
tinha chegado a um nível como este", afirmou. "É um novo sinal que
aparece de repente diante de meus olhos".
O atual presidente também manifestou sua "confiança", propondo "três
debates" com seu adversário, "sobre questões econômicas e sociais, de
sociedade e temas internacionais".
François Hollande já recusou, afirmando querer apenas um debate, como é a tradição na França.
'A BATALHA APENAS COMEÇOU'
"A batalha pela França apenas começou", declarou Marine após saber do
resultado. "Nós quebramos o monopólio de dois partidos", completou.
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Boris Horvat/France Presse |
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A candidata da Frente Nacional
(ultradireita) à presidência da França, Marine Le Pen, ao lado do pai e
fundador da legenda Jean-Marie Le Pen em março |
O comparecimento dos franceses às urnas ficou acima do esperado, num
primeiro turno dominado pela crise econômica. A taxa de participação
chegou a mais de 80%, segundo estimativas dos institutos de pesquisa,
uma taxa muito elevada, apesar de menor que em 2007 (83,77%).
Essas cifras dissipam a preocupação com uma grande abstenção, expressada
durante uma campanha que pouco envolveu os franceses, que não viam no
pleito soluções para suas dificuldades.
Em duas semanas, os eleitores vão escolher quem será o presidente nos
próximos cinco anos de uma das principais economias mundiais, potência
nuclear e membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, com um
poder como poucos no mundo democrático.
O RETORNO DA ESQUERDA
Considerado há meses vencedor no segundo turno, com 55% dos votos em
média, François Hollande, 57 anos, está em posição de força para se
tornar o primeiro presidente de esquerda desde François Mitterrand
(1981-1995).
Com pouca experiência em cargos de peso, este homem que passa a imagem
de sobriedade deverá poder contar no segundo turno com os votos dos
eleitores de Jean-Luc Mélenchon e da ecologista Eva Joly.
A crise na zona do euro esteve presente na campanha, através da explosão
de déficits, da taxa de desemprego (mais de 10% da população
economicamente ativa), da questão do protecionismo europeu e da justiça
fiscal.
"Nunca deixei de votar mas, desta vez, sinto muito pouco entusiasmo. No
plano econômico, há pouca diferença entre os dois candidatos", comentava
em Paris uma eleitora de 62 anos, Isabelle Provost.
Foi neste contexto que François Hollande traçou sua estratégia
metodicamente, sem levantar a multidão, mas destacando suas prioridades -
o emprego dos jovens e o crescimento.
REFERENDO CONTRA SARKOZY
O ex-líder do Partido Socialista (1997-2008) conseguiu fazer esquecer
sua falta de experiência no governo, transformando a eleição num
referendo contra Sarkozy, mergulhado em recordes de impopularidade.
Após a divulgação dos números, Jean-Luc Mélenchon convocou seus
eleitores a "derrotar Sarkozy" e pediu votos para Hollande. "Nosso povo
está decidido a por um ponto final na página dos anos Nicolas Sarkozy",
afirmou.
A candidata ecologista Eva Joly (2%) também pediu apoio a Hollande.
Todos os demais candidatos obtiveram menos de 2% dos votos.
Já o diretor de campanha de Marine Le Pen, Florian Philippot, disse que
ela anunciará no dia 1º de maio sua posição para o 2º turno.
A França parece ser o 1° país europeu a apresentar uma solução socialista para a atual crise econômica do continente. O candidato socialista promete reformas sociais fortes e avanços ao mesmo tempo. A solução agrada a maioria da população do país. Resta saber o que ocorrerá depois das eleições. Post e comente a temática! 23/04/12